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Amanhã há protestos em Paris e noutras cidades para pedir justiça climática 

Sexta-feira, 11.12.15

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Amanhã, com as negociações ainda a decorrer na COP21 um dia depois do final previsto para esta conferência, as organizações não governamentais (ONG) prometem não baixar os braços contra a inação dos países face às alterações climáticas e têm marcadas várias manifestações na capital francesa e um pouco por todo o mundo.

Às 9h30 de Paris, 8h30 de Lisboa, terá início uma ação na qual os cartazes serão as próprias ruas de Paris: o objectivo é escrever no mapa da capital francesa a expressão “Climate Justice for Peace” (justiça climática para a paz) através da geolocalização dos telemóveis dos participantes. Esta foi a forma encontrada para contornar a proibição de manifestações decretada pelas autoridades na sequência dos últimos atentados terroristas.

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Ao meio dia, a 350.org e outras ONG irão também desafiar as autoridades com a ação de desobediência civil chamada de “Red Lines” (linhas vermelhas), na qual será usada uma faixa gigante com mais de 100 metros e desenhada uma enorme linha vermelha com milhares de túlipas e chapéus de chuva vermelhos. A iniciativa, marcada para as 12h, servirá para prestar homenagem às vítimas das alterações climáticas.

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Mais tarde, às 14h, há outra manifestação, esta já autorizada, na qual a ideia é formar uma cadeia humana entre a Torre Eiffel e o monumento ‘Muro da Paz’, situado no outro extremo do Campo de Marte. A iniciativa "estado de emergência climática" deverá juntar alguns milhares de participantes numa ação “pacífica e determinada”, sem manifestantes de cara tapada, apelaram os promotores.

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Lisboa, Porto e Faro (pelo menos) farão também parte da lista de cidades com iniciativas agendadas para amanhã, com “Marchas pela Justiça Climática” apoiadas por activistas, artistas, investigadores e políticos, que irão realizar-se a partir das 15h - início no Marquês do Pombal, em Lisboa, Largo do terreiro, no Porto e no Parque Ribeirinho, em Faro.

"Está nas nossas mãos empurrar para a frente alternativas credíveis para um planeta climaticamente seguro e com futuro para todas as gerações vindouras. Uma alternativa credível e justa, que distribua responsabilidades e metas. Uma alternativa que corrija muitas das injustiças históricas que fazem com que hoje sejam os países mais pobres e que menos contribuíram para as alterações climáticas aqueles mais ameaçados pelos seus efeitos", lê-se na página da marcha de Lisboa

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publicado por Quercus às 19:32

Agência Portuguesa do Ambiente promove evento paralelo sobre "Adaptação às Alterações Climáticas em Portugal"

Sexta-feira, 11.12.15

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O side event sobre o Programa AdaPT, que teve lugar esta tarde aqui na COP21, em Paris, contou com a abertura por parte do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins. O painel incluiu também Madalena Callé Lucas, responsável pelo Programa EEA Grants em Portugal, e Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, que referiram a importância deste programa na alavancagem das ações de adaptação às alterações climáticas em Portugal.

Outro orador, Filipe Duarte Santos, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e coordenador do ClimaAdaPT.Local (um dos projetos apoiados por este programa), falou na importância da adaptação face às projeções de aumento da temperatura e subida do nível do mar em Portugal, entre outras consequências das alterações climáticas, que já não podem ser evitadas.

O projeto ClimAdaPT.Local envolve 26 autarquias, no continente, Açores e Madeira, na definição de estratégias de adaptação às alterações climáticas (EMAAC) e uma metodologia muito bem definida (baseada na metodologia UKCIP) para que este objetivo seja atingido. A adaptação precisa de conseguir lidar com alterações disruptivas em áreas como recursos hídricos, zonas costeiras, agricultura e florestas devido às alterações climáticas.

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O coordenador referiu que estão a ser realizados workshops nos 26 municípios, com o envolvimento dos stakeholders, iniciativas que pretendem abrir o diálogo entre a comunidade científica envolvida no projeto, os municípios e a sociedade civil. O objetivo é discutir as opções de adaptação com todos antes da definição das medidas que farão parte de cada uma das EMAAC.

Como conclusão, foi referido que as medidas de adaptação às alterações climáticas dependem essencialmente da confiança com que as populações olham para o processo de decisão – um aspecto que requer que o processo seja colaborativo e inclusivo. Se por um lado é necessário reforçar a governação nos diferentes níveis de decisão, por outro é necessário reforçar o diálogo entre governo central, regional e local, empresas, universidades e outros stakeholders.

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publicado por Quercus às 17:20

ONG traçam “linhas vermelhas” para as negociações na #COP21

Sexta-feira, 11.12.15

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© 350.org

Dezenas de ativistas acabam de estender enormes faixas vermelhas no recinto onde decorre a COP21, simbolizando as “linhas vermelhas” que não querem ver ultrapassadas no novo Acordo de Paris.

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Para as ONG, há limites que não podem ser violados no novo pacto global, nomeadamente em matéria de redução integral de emissões, equidade, financiamento, justiça e conformidade.

Esta “ação visual” em defesa da “justiça climática”, foi executada ao som simulado das batidas dos corações dos participantes e antecede um conjunto de iniciativas agendadas para amanhã, sábado, que incluem ações de desobediência civil (ver próximo texto).  

Novo vídeo da Rede de Ação Climática:

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publicado por Quercus às 14:44

Maratona negocial na COP21: Trabalhos interrompidos às 5h40 desta madrugada

Sexta-feira, 11.12.15

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O resultado da maratona negocial da última madrugada ainda é incerto, dado que há alguns temas importantes em aberto, mas isso não impede uma análise do novo esboço de acordo divulgado ontem à noite e cuja nova versão só deverá ser divulgada no sábado de manhã. De modo geral, o texto é ambíguo em vários parágrafos, com várias opções ainda entre parêntesis retos, ou seja, por decidir.

As organizações não governamentais aqui presentes vão hoje durante todo o dia continuar a pressionar os delegados em reuniões formais e informais, onde deixarão alertas para algumas questões fulcrais:

Ambição do Acordo

A formulação escolhida - limitar o aquecimento global bem abaixo dos 2°C, efetuando esforços para limitar o aquecimento a 1,5ºC, em relação à era pré-industrial – não é compatível com a eliminação total das emissões dos combustíveis fósseis apenas na segunda metade deste século. Para ser ambicioso, o acordo deve resultar na anulação completa de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), sem truques como a compensação de emissões e a geoengenharia. 

Diferenciação

Ainda são muitas as variações no novo texto que tentam reformular o preâmbulo da Convenção sobre “responsabilidades comuns mas diferenciadas”, que refletem a dificuldade dos países em lidarem com a presente realidade. O Acordo de Paris só poderá cumprir o seu objetivo se todos respeitarem integralmente a Convenção.

Financiamento

A base de 100 mil milhões de dólares/ano parece estabelecida. O acordo deve enviar um sinal de longo prazo aos investidores, colocando um preço sobre o carbono, mas as Partes parecem estar a falhar no seu dever de acabar com todos os subsídios aos combustíveis fósseis e com os investimentos intensivos em carbono, ou nos compromissos de desinvestimento nestas áreas.

INDC (compromissos nacionais)

É factual que os atuais INDC, muitos dos quais dependentes de apoio internacional adequado, não são suficientes para limitar o aquecimento bem abaixo de 2°C, e muito menos de 1,5°C. Os compromissos nacionais atuais levam a um aquecimento global de cerca de 3ºC. Neste momento não parece haver vontade das Partes para colmatar esta questão. Não é necessário esperar por um relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) em 2018, como está no texto do Acordo, para que seja confirmado que este caminho impede-nos de cumprir o limite de 1,5ºC.

O texto proposto agora fala de um “diálogo facilitado em 2019”, com revisão de metas em 2025. É necessário rever as metas dos compromissos nacionais antes desta data, ou nessa altura poderá ser tarde para concluir que hoje estamos a cometer um erro grave.  

Transparência, MRV (monitorização, comunicação e verificação) e Conformidade

Após uma década de construção de confiança e segurança através destas conversações, o Acordo de Paris ainda reflete o medo de que a transparência na implementação e uma avaliação significativa dos resultados poderá ser punitiva. É altura de adoptar definitivamente a transparência e de retirar os parêntesis do tema da “conformidade”.

A Quercus na COP 21

A Quercus faz parte da delegação oficial de Portugal enquanto representante das organizações não governamentais de ambiente, fazendo-se representar em Paris, a partir de 8 de Dezembro, por João Branco, Presidente da Direção Nacional e Ana Rita Antunes, Coordenadora do Grupo de Energia e Alterações Climáticas, acompanhando os trabalhos até ao fim da Conferência e anunciando os resultados conhecidos.

Toda a informação sobre a Conferência de Paris e as posições das associações de defesa do ambiente estão a ser permanentemente atualizadas em:

climaticas.blogs.sapo.pt

twitter.com/QuercusCOP21

facebook.com/quercusancn

Lisboa, 11 de Dezembro de 2015

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publicado por Quercus às 11:15