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Expondo o papel do carvão na Europa

Quinta-feira, 10.09.15

transferir.jpgApesar de muitos reivindicarem que assuma a posição de líder na luta contra as alterações climáticas, a verdade é que a União Europeia (UE) ainda tem cerca de 280 centrais térmicas de carvão para produção de eletricidade, a operar em 22 países.

 

A maioria destas centrais tem mais de 30 anos, o que significa que são ineficientes, fortemente poluidoras e ultrapassadas. Em 2014, a queima de carvão foi responsável por 17% das emissões das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) na UE.

 

Ainda assim, os países europeus continuam a investir dezenas de milhares de milhões de euros nesta indústria em declínio.

A Rede Europeia de Ação Climática (CAN-E, na sigla em inglês) expõe estes factos chocantes e perturbadores sobre o negócio de carvão no website Coal Map of Europe (www.coalmap.eu), hoje lançado. Baseando-se numa extensa pesquisa sobre esta indústria pouco transparente e com base numa variedade de fontes e dados públicos, a CAN-E conseguiu chegar aos aspetos chave da indústria do carvão e produzir oito mapas com os pontos mais cruciais das centrais termoelétricas a carvão.

Pela primeira vez é possível ter uma visão completa e abrangente do parque das centrais a carvão existentes e previstas, com informação adicional sobre poluição e impactes na saúde humana pela queima deste combustível. O "Coal Map" (Mapa do Carvão) também destaca como os governos ainda estão fortemente envolvidos nos interesses desta indústria através de empresas estatais e de subsídios.

 

Os cidadãos dizem NÃO ao carvão

 

O Mapa do Carvão apresenta quinze relatórios de contestações locais e nacionais contra centrais a carvão e minas. Da Escócia à Turquia, cidadãos e organizações não governamentais estão envolvidos em longas batalhas jurídicas para acabarem com o recurso ao carvão. E não sem sucesso: nos últimos anos, a maioria dos projetos de carvão foram cancelados.

A mobilização local está rapidamente a transformar-se numa história pan-europeia contra o carvão.

- Em Itália, uma central termoelétrica foi encerrada, por ordem judicial, em março de 2014, com base acusações de homicídio.

- Especialistas jurídicos conseguiram melhorias numa central a carvão na República Checa, pela ligação entre esta e as consequências climáticas que as ilhas da Micronésia estão a sofrer.

- Na Alemanha, o debate sobre a eliminação progressiva do carvão não é mais sobre se deve acontecer, mas sim quando e como.

- O Parlamento norueguês decidiu que o fundo nacional soberano se destina à alienação de várias empresas de carvão em todo o mundo, depois de meses de protestos internacionais.

 

Os países europeus ainda estão dependentes do carvão para a produção de eletricidade, mas as oportunidades de reduzir o recurso a esta fonte nunca foram tão boas como atualmente. As energias renováveis estão a crescer e a procura de energia a diminuir, de modo que empresas detentoras de centrais para produção de eletricidade a carvão já estão a perder milhões de euros por ano.

 

É preciso que mais governos atuem e acabem com o carvão na europa.

 

O carvão é um dos mais graves entraves na luta contra as alterações climáticas. Se a UE quer ser um líder nas negociações internacionais sobre o clima, então terá de renunciar a esta fonte energética.

 

Portugal sem carvão em 2030, mas deveria chegar lá tão cedo quanto possível

Em Portugal existem duas centrais. A central termoelétrica de Sines, com mais de 30 anos, que é a que tem maior potência no país); e uma mais recente, com cerca de metade da potência, no Pego.

O Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC 2020/2030) recentemente aprovado e publicado, assegura que as duas centrais existentes atingirão o fim da sua vida antes de 2030.

Porém, o contrato associado aponta para o final de exploração em 2017 no caso de Sines e alguns anos mais tarde na central do Pego, tendo havido já diversas declarações onde se assume que o período de funcionamento se vai estender em ambos os casos por mais alguns anos, facto que tem tido a discordância da Quercus.

 

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publicado por Quercus às 11:00


2 comentários

De Humberto a 13.09.2015 às 10:26

(continuação...)
«mas as oportunidades de reduzir o recurso a esta fonte nunca foram tão boas como atualmente.»

Não, na verdade ainda não chegámos aí. Qualquer pessoa minimamente conhecedora do assunto sabe disso.

Talvez com a chegada das centrais nucleares de 4.ª geração... a ver vamos.
(Não façam já cara de enjoados sem saberem primeiro como funcionam estas centrais ainda em fase de desenvolvimento e testes.)


« As energias renováveis estão a crescer e a procura de energia a diminuir, de modo que empresas detentoras de centrais para produção de eletricidade a carvão já estão a perder milhões de euros por ano.»

É realmente um modo especial este o de olharem para uma situação, verem só o que querem ver ao mesmo tempo que ignoram tudo o resto que não lhes interessa.

Vangloriam-se que as centrais a carvão «já estão a perder milhões de euros por ano» por causa destas energias renováveis e da diminuição do consumo recusando-se teimosamente a admitir (que desgraça isso seria para as suas frágeis convicções) que é algo muito parecido com o oposto que realmente acontece.

É o asfixiante alto preço da electricidade proveniente dos geradores eólicos e fotovoltaicos que faz baixar o seu consumo originando prejuízos de milhões não só à industria do carvão mas ao conjunto de todas as outras indústrias com a perda de competitividade que isso gera.

Ainda se devem lembrar de um dos dramáticos testemunhos que tão elucidativo é da nossa realidade:

« "O que se gasta em energia para regar reduz drasticamente o lucro, o que faz com que estejamos a trabalhar apenas para sobreviver", refere.»

em
««31.08.2015 21:12
Agricultores desesperam com seca
Relatos dramáticos de quem vive no Interior do País.»»
http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/sociedade/detalhe/20150830_2246_seca.html

Um agricultor a queixar-se que é o alto preço da energia que faz com que esteja a trabalhar apenas para sobreviver!


«O carvão é um dos mais graves entraves na luta contra as alterações climáticas»

Luta contra as alterações climáticas... qual luta inútil contra gigantes, monstros cruéis, contra quem Dom Quixote, no seu delírio, guerreava.

«"Lutar com moinhos de vento" tornou-se, desde então, em todas as línguas ocidentais, o paradigma da luta inútil. Não importa ao protagonista, entretanto, que ela se apresente inútil, se a entende como necessária para o seu desejo e, portanto, necessária para o mundo.»

em
http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=56
(leitura interessante)


« Se a UE quer ser um líder nas negociações internacionais sobre o clima, então terá de renunciar a esta fonte energética.»

Seria bonito, seria... geradores eólicos e fotovoltaicos a funcionar sem o apoio de centrais como as de carvão para mitigar as inevitáveis inúmeras flutuações diárias de produção! Nem quero imaginar as desastrosas consequências.


«Portugal sem carvão em 2030, mas deveria chegar lá tão cedo quanto possível
Em Portugal existem duas centrais.»

A solução sempre esteve bem debaixo do vosso nariz: acabassem com a geração eólica e solar de electricidade e estas duas centrais a carvão existentes em Portugal deixariam de ser necessárias.

Não se limitem ao que a CAN-E consegiu "descobrir", na qualidade de membros da Quercus façam também a vossa investigação e questionem os responsáveis dessas duas centrais a carvão pelo Regime de Prontidão que lhes é imposto para assegurar o normal funcionamento da rede de distribuição eléctrica.


Por mais que certas pessoas queiram adaptar a realidade e moldá-la à sua vontade e oportunismo, a realidade continuará a ser uma só e as renováveis eólica e solar continuarão reféns dos caprichos diários da natureza assim como o carvão continuará a ser fundamental por muitos mais anos.

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