Quercus vai estar na 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que começa esta 2ª feira, em Bona
Começa esta 2ª feira, dia 6 de novembro, a 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP23), que decorrerá em Bona, na Alemanha, até 17 de Novembro, e será presidida pelas Ilhas Fiji. A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática, estará presente na conferência, integrada na delegação oficial portuguesa como única representante oficial das ONG de Ambiente nacionais, devidamente designadas pela CPADA – Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente. O grande desafio da COP23 será antecipar as conversações com vista a reavaliar já as contribuições nacionais de cada país na redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), de modo a que seja possível alcançar os objetivos do Acordo de Paris, que entrou em vigor faz hoje precisamente 1 ano.
Numa semana em que a Organização Mundial de Meteorologia anunciou ter sido atingido, em 2016, um valor recorde de concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera – de 403,3 partes por milhão (ppm) – não restam dúvidas que, se mantivermos as atuais e insuficientes metas de redução de GEE, não será possível manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo do limite seguro de 2ºC face aos níveis pré-industriais.
Um novo estudo da Universidade de Washington aponta para um cenário pior do que o esperado e prevê que, em 2100, o aquecimento global resulte num aumento da temperatura do planeta entre 3ºC e 5ºC. Este mesmo estudo refere que as probabilidades de efetivamente cumprirmos as metas dos 2ºC e dos 1,5ºC, definidas em Paris, são de apenas 5% e 1%, respetivamente.
Queremos Portugal neutro em carbono em 2050
Portugal atravessa um período dramático e representativo das consequências de um clima já em mudança, com grande parte do território em situação de seca extrema, e temperaturas elevadas para a época, um contexto que contribuiu também para potenciar ainda mais a intensidade dos fogos florestais que reduziram a cinzas vários milharesde hectares de floresta. Por isso, a adaptação às alterações climáticas, a prevenção e o planeamento de uma floresta resiliente têm de ser prioridades.
Por outro lado, tendo em conta que 50% das nossas emissões de CO2 têm origem na produção de eletricidade e nos transportes, a progressiva descarbonização destes setores e a aposta nas energias renováveis não podem ficar só pelas promessas.
Na opinião de João Branco, presidente da Direção Nacional da Quercus, que estará na COP23, “Portugal deve dar o exemplo em Bona e manter o tom ambicioso que pautou o discurso de António Costa na COP22, em Marraquexe, no qual o Primeiro-Ministro assumiu o objetivo de sermos um país neutro em emissões de gases com efeito de estufa até ao final da primeira metade do século.”
Quercus enumera os 6 desafios da UE na COP23
Com a anunciada saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, um dos grandes desafios será, desde logo, conseguir que o resto dos signatários permaneçam juntos e criem pontes de diálogo para aumentar a sua ambição climática.
Da União Europeia, espera-se que assuma o papel de líder das negociações, mas para isso é preciso que dê provas de querer ir mais além. Para a Quercus, estes são os principais desafios para que a UE fale a uma só voz:
- Acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis, nomeadamente ao carvão, e encerrar as centrais térmicas;
- Reformar o regime do comércio de licenças de emissão da UE, corrigindo o excedente de licenças e assegurando que os incentivos à modernização do setor não são utilizados para financiar as indústrias fósseis;
- Apoiar as comunidades mais afetadas pelos impactes das alterações climáticas na transição para um modelo energético limpo e uma economia segura e sustentável;
- Assumir o compromisso de 100% de energia renovável já em 2050 e travar o desperdício de energia, elevando a fasquia das metas estabelecidas para a eficiência energética e para as renováveis;
- Reforçar a capacidade das florestas e dos solos no combate às alterações climáticas, aumentando o nível de ambição do Regulamento LULUCF (Land Use, Land-Use Change and Forestry) de modo a aumentar os sumidouros florestais e o uso sustentável das florestas do ponto de vista climático;
- Reforçar a atuação ao nível da qualidade do ar, atualizando os valores-limite permitidos, de modo a assegurar o cumprimento dos compromissos estabelecidos pelos países quanto à redução da poluição atmosférica.
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Falta de ambição política atrasa ação climática e deixa mais longe o objetivo dos 1,5oC
Marraquexe, 18 novembro 2016 – Termina hoje a 22ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP22), a decorrer desde o dia 7 de novembro em Marraquexe. Apesar de, inicialmente, as expectativas serem elevadas quanto à definição de um roteiro ambicioso para a implementação do Acordo de Paris, a Quercus considera que a COP22 ficou aquém deste objetivo e não apresentou nada de novo em relação à COP21, em Paris.
A COP22 reuniu chefes de estado, chefes de governo e delegações de 197 países, que adoptaram por aclamação a Proclamação de Ação de Marraquexe, onde é reafirmada a “irreversibilidade da dinâmica climática” e a necessidade de “envolvimento político ao mais alto nível” de modo a que ação climática possa sustentar a concretização dos objetivos de desenvolvimento sustentável a bem das populações e do planeta.
Muita retórica, mas pouca concretização
Os sucessivos apelos da sociedade civil são sustentados cada vez mais por robustos relatórios e estudos da comunidade científica, dando conta de que os objetivos nacionais de redução de Gases de Efeito de Estufa (GEE) estão obsoletos e são insuficientes para cumprir aquele que é o principal (e inovador) objetivo do Acordo de Paris: limitar o aumento da temperatura média do planeta o mais próximo possível dos 1,5ºC, acima dos níveis pré-industriais.
À data de hoje, o Acordo de Paris tinha sido já ratificado por 111 partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, representando mais de 70% das emissões globais de GEE. Contudo, apesar de se incluírem aqui alguns dos maiores emissores mundiais de dióxido de carbono (CO2), é sabido que os atuais compromissos de redução de emissões e a falta de vontade para operar a transição energética necessária antes de 2020 conduzirão o planeta a um perigoso aumento da temperatura global superior a 3ºC.
Onde está o financiamento climático?
Num protesto que decorreu ontem, às portas da COP22, os manifestantes exibiram cartazes com as letras ‘WTF’, um trocadilho usado para perguntar ‘Where’s the Finance?’(‘Onde está o financiamento?’). Alavancar a questão do financiamento climático era um dos requisitos chave para garantir o sucesso da COP22. Pedia-se um plano fiável e robusto que definisse de que forma os países desenvolvidos cumprirão a sua promessa de disponibilizar 100 mil milhões de dólares por ano (o designado Fundo Verde para o Clima da Organização das Nações Unidas).
União Europeia desilude
As organizações de defesa do ambiente europeias têm vindo a acusar a Comissão Europeia de ser incoerente entre a sua retórica nas negociações internacionais sobre o clima e a ausência de diálogo entre a própria UE e os seus Estados-Membros, enquanto se prepara o futuro pacote legislativo sobre energia.
No final deste mês, a Comissão Europeia irá divulgar o seu "Pacote de Inverno”, composto por oito propostas legislativas, incluindo uma revisão de várias Diretivas relativas às energias renováveis, eficiência energética e das regras de conceção do mercado europeu da eletricidade. Segundo o que tem sido apurado pelas organizações de defesa do ambiente que fazem parte da Rede Europeia de Ação Climática, a UE está em total contradição com os objetivos do Acordo de Paris, a avaliar pelos textos iniciais destas propostas, que circularam de forma não oficial, mostrando que a UE está a planear atenuar as suas políticas energéticas depois de 2020.
Os objetivos nacionais vinculativos em matéria de energias renováveis terminam em 2020, e a meta da UE para 2030 de 27% está pouco acima dos 24% que se prevê serem atingidos.
Outro ponto importante é a questão das emissões provenientes do transporte marítimo e da aviação internacionais, que ficaram de fora do Acordo de Paris. Tendo em conta o seu crescente impacto climático, isso poderá reverter os esforços de redução noutras áreas.
Há um antes e um depois de Trump
A COP22 ficou inevitavelmente marcada pela eleição de Donald Trump como o próximo presidente dos EUA. Uma das suas promessas de campanha passa por tirar os EUA do Acordo de Paris e cortar o financiamento (de milhões de dólares) destinado aos programas da ONU de luta contra as alterações climáticas. Apesar de terem ratificado o Acordo de Paris, existem incertezas sobre e como Trump poderá – caso realmente o faça – desvincular os EUA do acordo climático global e pôr em causa o sucesso da sua própria implementação.
O Secretario de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou nas suas declarações na COP22, que a ‘grande maioria’ dos cidadãos norte-americanos apoiam medidas para suportar a ação climática.
Outro ponto em aberto é a Rússia que, sendo o terceiro maior poluidor mundial, ainda não ratificou o Acordo de Paris.
Prospeção de petróleo mancha bom desempenho de Portugal
Em simultâneo com a divulgação do Climate Change Performance Índex 2017, um índice que colocou Portugal entre os 10 países industrializados com melhor desempenho climático, o Primeiro-Ministro português António Costa afirmou na COP22 que os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris serão uma prioridade nacional. A grande aposta nas energias renováveis e a progressiva descarbonização do setor dos transportes foram os dois grandes argumentos mencionados.
António Costa pretende que Portugal seja um exemplo, afirmando que está a ser preparada a revisão do Roteiro de Baixo Carbono para 2050, no sentido de “sermos neutros em emissões de gases com efeito de estufa até ao final da primeira metade do século".
A política climática nacional pode considerar-se já obsoleta em relação aos objetivos que o país pode atingir, ficando-se por compromissos que praticamente já foram alcançados. Atualmente, Portugal já alcançou mais de 87% da meta definida para 2020 ao nível das energias renováveis, pela instalação de 12.300 megawatts de tecnologias renováveis, representando 61% da potência de toda a produção de eletricidade.
Para levar realmente a sério as ambiciosas e optimistas palavras do Primeiro-ministro, um sinal importante seria a recusa da exploração de hidrocarbonetos em Portugal, pelo cancelamento das atuais 15 concessões de prospeção e exploração destes combustíveis fósseis na costa portuguesa.
Fiji presidem à COP23, que será em Bona
Neste momento, sabe-se já que a COP23 em 2017 será presidida pelas Ilhas Fiji – algo bastante significativo, na medida em que se trata de um pequeno país insular em desenvolvimento (os mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas) – e irá ter lugar em Bona, na Alemanha.
A participação da Quercus na COP22
A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática, acompanhou as negociações da COP22 diretamente de Marraquexe, tendo estando presente durante toda a Conferência, integrada na delegação oficial portuguesa, enquanto representante das ONGs nacionais de defesa do ambiente e da sociedade civil. Ma blue zone, de acesso mais restrito, a Quercus fez-se representar por João Branco, Presidente da Direção Nacional, e Luís Moreira, Coordenador do Grupo de Energia e Alterações Climáticas, que participaram em reuniões paralelas, nomeadamente com o Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
Para João Branco “é urgente alavancar a transição energética para uma economia de baixo carbono, que privilegie o investimento nas energias renováveis, em harmonia com as políticas de conservação da Natureza, e na eficiência energética, ao invés de alimentar o lobby dos combustíveis fósseis ou excluir das negociações setores altamente poluentes, como o transporte marítimo e a aviação internacionais.” Acrescentou ainda que “se a União Europeia pretende, tal como afirmado na COP22, liderar a ação climática, não pode deixar que a instabilidade do cenário político mundial abale a confiança na persecução dos objetivos selados em Paris”.
Este ano, e pela primeira vez, a Quercus esteve também representada através de um stand na Zona Verde tendo estabelecido inúmeros contactos com outras organizações da sociedade civil de Marrocos e os demais países participantes na COP22.
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CCPI 2017: Portugal entre os 10 países com melhor desempenho climático
Com a entrada em vigor do Acordo de Paris, e no decurso da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP22), a associação de defesa do ambiente alemã Germanwatch e a Rede Europeia para a Ação Climática, da qual a Quercus faz parte, acabaram de divulgar o Climate Change Performance Index (CCPI) 2017.M
O CCPI é um instrumento inovador que traz maior transparência às políticas climáticas internacionais, avaliando o desempenho de 58 países industrializados que, no total, são responsáveis por mais de 90% das emissões de dióxido de carbono associadas à energia.
Nesta última edição agora divulgada, estão patentes avanços significativos ao nível das energias renováveis e desenvolvimentos positivos na eficiência energética. No entanto, enquanto estas tendências encorajadoras ganham terreno à escala global, a necessária e urgente revolução energética está a acontecer a um ritmo muito lento.
Portugal sobe sete posições face a 2016
Portugal ficou classificado em 11.º lugar entre os 58 países industrializados abrangidos, o que na verdade acaba por ser um 8º lugar, na medida em que os três primeiros lugares não foram atribuídos por se considerar não haver, por agora, nenhum país merecedor do pódio no que respeita à proteção climática. A par de países como a Croácia, Portugal é dos poucos casos a passar de um desempenho “moderado” para um “bom” desempenho, no âmbito do CCPI 2017.
Existem vários fatores que justificam a melhoria do desempenho climático de Portugal. As emissões nacionais e as emissões per capita (por habitante) mantiveram-se quase ao mesmo nível face a 2016; já as emissões do tráfego rodoviário apresentaram uma melhoria, o que se deve à redução do consumo em 2014, devido ao aumento dos preços dos combustíveis. Ao nível da produção de eletricidade e calor, houve uma ligeira penalização, pelo peso que o uso de carvão ainda representa neste setor.
Quanto às energias renováveis, verificou-se uma melhoria significativa pelo maior peso destas no consumo de energia primária. No entanto, houve uma penalização pelo desinvestimento (devido à redução de incentivos) nesta área, face ao crescimento que se verificava em 2016.
Na política climática internacional, Portugal melhorou por ter sido um dos primeiros países a ratificar o Acordo de Paris, mas foi penalizado no que respeita à política climática nacional, por esta se revelar pouco ambiciosa em relação aos objetivos que o país pode atingir, ficando-se por compromissos que praticamente já foram atingidos.
França lidera; economias emergentes melhoram
Marrocos, o país anfitrião da COP22, ocupa a 8.ª posição, continuando a sua tendência ascendente no CCPI 2017. Com investimentos maciços em energias renováveis e objetivos climáticos ambiciosos, a médio e longo prazo, Marrocos é o país líder em África neste ranking. Dentro das tendências positivas observadas entre as economias emergentes do G20, estão a Índia (20.º), a Argentina (36.º) e o Brasil (40.º), países que melhoraram a sua classificação no CCPI 2017, face ao ano anterior.
Tal como referido anteriormente, o pódio do CCPI 2017 ficou vazio, pelo fato de nenhum grande emissor de GEE estar a atuar com a ambição necessária para cumprir o limite imposto pelo Acordo de Paris de aumento da temperatura global entre os 1,5-2°C.
A França, na 4ª posição (a primeira atribuída), lidera a tabela pela primeira vez, em grande parte devido à excecional diplomacia que permitiu chegar ao histórico Acordo de Paris no ano passado. Seguem-se a Suécia (em 5.º) e o Reino Unido (em 6.º), ambos a sair beneficiados das políticas climáticas promissoras estabelecidas pelos seus anteriores governos.
Contudo, o CCPI 2017 vem confirmar que muitos países da UE, incluindo o Reino Unido, a Suécia, a Dinamarca e a Alemanha, correm o risco de perder o seu papel de líderes no desenvolvimento das energias renováveis. Na verdade, vários Estados-Membros da UE reduziram os investimentos em projetos e iniciativas de energias renováveis e eficiência energética, questionaram os objetivos de mitigação acordados a longo prazo e/ou não estabeleceram o quadro político necessário para cumprir os seus objetivos a curto prazo.
Por exemplo, a Dinamarca, líder deste Índice nos últimos quatro anos, já enfrentou as consequências do revés na sua política climática, com uma queda dramática para o 13.º lugar este ano.
Os Estados-Membros da UE terão em breve uma excelente oportunidade de reverter este caminho, se garantirem que as novas políticas em matéria de energias renováveis e eficiência energética vão muito mais além das fracas propostas que a Comissão Europeia está atualmente a desenvolver a este nível.
Principais emissores de GEE no fim da tabela
O Canadá (55.º), a Austrália (57.º) e Japão (60.º) estão no grupo dos países pior classificados (como um "muito fraco” desempenho climático). Mais uma vez, o Japão caiu duas posições, tendo o governo do país sido criticado por peritos nacionais pela sua política climática muito fraca. A Austrália perdeu pontos na eficiência energética e é criticada pela sua falta de ambição climática.
Já o desempenho dos dois maiores emissores do mundo, EUA (43.º) e China (48.º), é classificado como "fraco". Os EUA perderam terreno em quase todas as categorias do Índice e, como resultado, desceram várias posições.
Os resultados das eleições norte-americanas podem colocar em risco a desejada celeridade da transição energética em curso, embora não tenha tido qualquer influência na avaliação feita para o CCPI 2017.
No que respeita à China, apesar do seu "fraco desempenho" no CCPI 2017, é importante referir, como ponto positivo, a diminuição do consumo mundial de carvão e o fato do governo chinês ter abandonado a construção de 30 centrais a carvão no ano passado.
Quercus apela à UE para não deixar escapar a liderança climática
A transição global para uma economia de baixas emissões de carbono está claramente a avançar e a acelerar, mas alguns países continuam a apresentar um fraco desempenho e, em alguns casos, mesmo a retroceder. Para a implementação do Acordo de Paris, todos os países devem aumentar o nível de ambição dos seus objetivos, e definir políticas nacionais e planos de descarbonização, a longo prazo.
Portugal está no bom caminho no desempenho da ação climática, mas precisa, ainda assim, de aumentar o nível de ambição das suas metas no que diz respeito às energias renováveis e à eficiência energética.
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Comissão Europeia ganha o “Fóssil do Dia” em Marraquexe
No passado dia 15 de novembro, a Comissão Europeia recebeu o Prémio “Fóssil do Dia”, atribuído pela Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), da qual a Quercus faz parte, na COP22, a decorrer em Marraquexe.
A Comissão Europeia recebeu o "prémio" pela incoerência entre a sua retórica nas negociações internacionais sobre o clima e a ausência de diálogo entre a própria UE e os seus Estados-Membros, enquanto se prepara o futuro pacote legislativo sobre energia.
No final de Novembro, poucos dias após a conclusão da COP22, a Comissão Europeia irá divulgar o seu "Pacote de Inverno", composto por oito propostas legislativas, incluindo uma revisão de várias Diretivas relativas às energias renováveis, eficiência energética e das regras de conceção do mercado europeu da eletricidade.
A UE está em total contradição com os objetivos do Acordo de Paris, a avaliar pelos textos iniciais destas propostas, que circularam de forma não oficial, mostrando que a UE está a planear atenuar as suas políticas energéticas depois de 2020. Os objetivos nacionais vinculativos, em matéria de energias renováveis, terminam em 2020, e a meta da UE para 2030 de 27% está pouco acima dos 24% que se prevê serem atingidos.
Por outro lado, as energias renováveis também poderão perder a prioridade face a outras fontes de energia poluentes, no acesso às redes elétricas europeias. Simultaneamente, estas propostas que estão em cima da mesa mantêm a porta aberta para que os Estados-Membros continuem a subsidiar a utilização do carvão para a produção de energia.
Para as associações de defesa do ambiente, estas propostas estão a milhas de distância do que seria necessário para transformar os objetivos do Acordo de Paris em realidade e não trazem a confiança necessária aos cidadãos e empresas europeias para investir num futuro renovável.
Se o presidente da Comissão Europeia está seriamente empenhado em cumprir a sua promessa de tornar a UE líder em energias renováveis, estes objetivos precisam de ser substancialmente melhorados antes de serem publicados.
A Comissão Europeia recebeu este prémio durante as negociações em Marraquexe, ao mesmo tempo que tinha início um evento de alto nível sobre "100% de energia renovável para chegar aos 1,5°C", abordando a necessidade urgente de chegar ao objetivo de 100% renováveis para alcançar os objetivos mais ambiciosos do Acordo de Paris.
Atribuído pela Rede de Ação Climática (Climate Action Network), o 'Fossil of the Day' avalia e ‘premeia’ anualmente a prestação dos piores países.
Os prémios 'Fossil of the Day' foram apresentados pela primeira vez em 1999, em Bona.
www.climatenetwork.org/fossil-of-the-day
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Quercus reuniu com Ministro do Ambiente na COP22
Reunião decorreu esta tarde entre as 15h30 e as 16h30, em Marraquexe
No arranque da segunda e última semana da Conferência da ONU sobre Clima (COP22), a decorrer em Marraquexe, a Quercus sentou-se à mesa com o Sr. Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, em conjunto com a Rede de Ação Climática Europeia (CAN-Europe) e outras organizações.
A Quercus e a CAN-Europe procuraram perceber junto do Ministro do Ambiente qual vai ser a posição de Portugal na COP22 relativamente aos seguintes aspetos essenciais e tendo em consideração os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris:
1 – Quais as prioridades de Portugal na agenda pré-2020, em termos de política climática e energética?
2 – Qual a posição de Portugal relativamente à revisão das contribuições nacionais (INDCs) para redução das emissões de gases com efeito de estufa, a tempo dos diálogos de balanço em 2018?
3 – Que sugestões irá Portugal dar relativamente à questão do financiamento climático?
4 – Qual a posição de Portugal em matéria de ‘Adaptação’ e ‘Perdas e Danos’?
5 – Que avaliação faz o Governo português do impacto que a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA poderá ter no cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris?
No decorrer da reunião, a Quercus manifestou a sua preocupação com a possibilidade (cada vez mais remota) de se conseguir cumprir o grande objetivo de manter o aumento da temperatura global do planeta nos 1,5 graus Célsius, face aos níveis pré-industriais.
João Pedro Matos Fernandes disse ser prioritário para Portugal:
- A preparação de um Plano de Ação português para implementação do Acordo de Paris, que deverá estar pronto antes da realização da próxima COP, em 2017;
- A modernização e descarbonização do setor dos transportes, concentrando os esforços nas medidas a implementar no período pré-2020;
- Quanto às verbas necessárias para a implementação do Acordo de Paris, segundo o Ministro do Ambiente, até ao final do próximo ano será possível ter uma estimativa dos valores que Portugal terá de alocar para o efeito.
Em relação à União Europeia, o Ministro do Ambiente referiu ser fundamental uma tomada de posição forte no sentido de convencer a nova administração dos EUA, liderada por Trump, com exemplos que demonstrem que o caminho a seguir passa pela implementação do Acordo de Paris, tanto ao nível económico, como social.
A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), está a acompanhar a COP22 em Marraquexe durante toda a Conferência, integrada na delegação oficial portuguesa e como representante das organizações não-governamentais portuguesas de ambiente e da sociedade civil.
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Quercus participa na Manifestação ‘Salvar o Clima, Parar o Petróleo’
A Quercus vai participar, no próximo dia 12 de novembro, na Manifestação "Salvar o Clima, Parar o Petróleo", que decorrerá em simultâneo em Lisboa e no Porto. O objetivo desta Manifestação é exigir por parte do Governo uma resposta séria às alterações climáticas e a recusa da exploração de hidrocarbonetos em Portugal.
Numa altura em que decorre a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22) em Marraquexe, na qual a Quercus está a participar, esta Manifestação junta diversas organizações ambientalistas e forças partidárias com assento parlamentar, na defesa de um novo paradigma energético que permita cumprir o objetivo definido no Acordo de Paris de travar a subida descontrolada da temperatura do planeta, mantendo-a abaixo dos 1,5oC face aos níveis pré-industriais.
Com a eleição de Donald Trump a marcar atualidade, as preocupações adensam-se pelo fato do presidente eleito dos EUA, o segundo maior poluidor mundial, negar a existência das alterações climáticas e querer cancelar o Acordo de Paris.
Assim, a Quercus apela à participação de todos os cidadãos neste importante momento!
Lisboa: 15h00 | Largo do Camões > Intendente
Porto: 15h00 | Praça da Liberdade (Aliados)
Site oficial: www.salvaroclima.net
Facebook: www.facebook.com/salvaroclimastoppetroleo
Para inscrições e/ou informações complementares:
Telf: 93 778 84 74 ou 96 294 64 25
E-mail: quercus@quercus.pt
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Eleição de Trump ensombra a COP22 em Marraquexe
Quercus dá conta do ambiente que se vive hoje nos corredores da Conferência do Clima
Marraquexe, 9 de novembro de 2016 - A eleição de Donald Trump como o próximo presidente dos Estados Unidos apanhou todo o mundo desprevenido e foi um verdadeiro balde de água fria que arrefeceu os ânimos dos participantes e observadores presentes na Conferência do Clima em Marraquexe (COP22), tanto na Zona Azul como na Zona Verde.
De acordo com o que os elementos da Quercus presentes na COP22 puderam perceber durante esta manhã, tanto os membros das comitivas oficiais dos vários países ("partes"), como os observadores acreditados e ainda os representantes das diversas organizações presentes têm tentado manter um discurso optimista, afirmando que "Trump presidente não pode ser igual ao Trump candidato","o Acordo de Paris é imparável" ou ainda que "os "EUA não podem voltar atrás no Acordo de Paris".
Contudo, a verdade é que estas palavras optimistas de ocasião são ditas sem convicção e nas conversas cruzadas "não oficiais" existe grande apreensão com este resultado eleitoral nos EUA. Nestas conversas "informais", quase todos admitem que esta eleição pode significar um grande retrocesso no movimento pelo clima e que poderá vir a ser um grande golpe no Acordo de Paris, pelo efeito potencialmente multiplicador nas decisões de outros países.
Ao mesmo tempo, é também referido por muitos que a Europa não deixará de fazer saber de forma categórica que será a locomotiva mundial do combate às alterações climáticas e que continuará fortemente empenhada no sucesso e implementação do Acordo de Paris.
Outra tema forte dentro do recinto da COP22 é a posição das restantes economias mundiais perante este novo cenário, sendo que o país recorrentemente referido como mais problemático é a Rússia, que se suspeita poder vir a alinhar com posições anti-Acordo de Paris que o presidente Trump venha a tomar.
Por outro lado, os grupos norte-americanos presentes na COP já distribuem panfletos prometendo "união contra Donald Trump" para evitar a catástrofe.
Para a Quercus, é lamentável e preocupante que o próximo presidente dos EUA – o segundo maior poluidor mundial - não tenha ainda percebido que é urgente parar o investimento nos combustíveis fósseis. Antes pelo contrário, durante a campanha referiu publicamente o seu apoio ao reforço do mesmo, em detrimento das energias limpas.
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#1o5C, o número chave para o futuro do planeta
>> Quercus presente no arranque da COP22, que começou hoje em Marraquexe
>> Transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis é essencial
No dia em que arrancou a COP22, a Conferência anual das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que está decorrer em Marraquexe entre 7-18 de Novembro, as vozes da sociedade civil e das organizações de defesa do ambiente concentram-se num único número, que já tem direito a hashtag na rede social Twitter: #1o5C.
A inclusão deste novo limite dos 1,5oC no Acordo de Paris foi uma conquista fundamental do ponto de vista dos países mais vulneráveis, transmitindo uma mensagem de esperança para sobreviver e prosperar num clima (já) em mudança. Contudo, apenas isso não chega e não há muita margem de manobra: 1,5oC é a meta mais ambiciosa ainda considerada alcançável.
A Quercus está acompanhar a COP22 a partir de Marraquexe desde o primeiro momento, tendo hoje estado presente num dos eventos paralelos - “1,5oC – Mobilizar ação e vontade política por um futuro mais seguro” - organizado pela CAREClimate com a Rede de Ação Climática Internacional e Europeia e o Fórum da Vulnerabilidade Climática.
"O Acordo de Paris começa a ficar obsoleto, porque a grande questão permanece em aberto: todos falam nos 1,5oC, mas ainda não percebemos como e se vamos chegar lá. O grande desafio desta COP22 será perceber até que ponto os chefes de Estado e líderes políticos estão preparados para se comprometer, a nível nacional, com metas de redução de gases com efeito de estufa mais ambiciosas em relação aos compromissos atualmente estabelecidos. Por outro lado, a questão do financiamento climático e da ajuda aos países mais vulneráveis será crucial, pois esses serão os primeiros e os mais afetados pelas alterações climáticas”.
João Branco, Presidente da Quercus
Neste evento, foram discutidos os passos chave que precisam de ser dados para manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo dos 1,5oC, e que passam pela necessária e urgente transição energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.
Tal como demonstrou o ‘Emissions Gap Report 2016’, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) na semana passada, os compromissos atuais de redução de emissões são já completamente desajustados e conduzirão o planeta a um aumento da temperatura global que pode chegar aos 3,4oC em 2100.
Página da Campanha: www.1o5c.org
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Arrancou a COP22 em Marraquexe!
Acompanhe a par e passo este primeiro dia da COP22 através do Twitter:
https://twitter.com/QuercusCOP22
https://twitter.com/CANEurope
https://twitter.com/COP22
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Metas de redução de GEE em vigor farão temperatura global subir até 3,4ºC em 2100
A um dia de entrar em vigor o Acordo de Paris, Quercus reforça o alerta
Relatório da ONU divulgado hoje alerta que é preciso um corte adicional de 25% nas emissões de GEE para 2030
É preciso incrementar urgentemente o nível de ambição dos objetivos de redução de gases com efeito de estufa (GEE) para ser possível manter o aquecimento global do planeta abaixo dos 2ºC (idealmente 1,5ºC), face aos níveis pré-industriais.
De acordo com a comunidade científica, para que isso seja possível, o limite máximo de emissões a registar-se em 2030 teria de estabilizar nas 42 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) como principal GEE. Estas são algumas conclusões do ‘Emissions Gap Report 2016’, hoje divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA).
Reforçando os apelos que têm vindo a ser veiculados pelos movimentos ambientalistas, e que a Quercus também divulgou no início desta semana, este relatório vem demonstrar que as metas de redução das emissões atualmente assumidas pelos governos conduzirão o planeta por uma rota perigosa de aquecimento da temperatura média global, que ultrapassa os limites de segurança a partir dos quais não será possível evitar as consequências mais graves das alterações climáticas.
Com as atuais metas de redução, as emissões de CO2 atingirão em 2030 valores entre as 54 e as 56 gigatoneladas. Como termo de comparação, 1 gigatonelada é o equivalente às emissões anuais do setor dos transportes de toda a União Europeia, incluindo a aviação. Este cenário significaria um aumento da temperatura entre os 2,9oC e os 3,4oC, muito acima do limite traçado pelo Acordo de Paris, que entra em vigor amanhã, 4 de novembro.
O relatório do PNUMA acrescenta ainda que, caso se leve demasiado tempo a rever as metas atuais de redução de GEE e aumentar os níveis de ambição, poderá perder-se mesmo a oportunidade de alcançar o objetivo dos 1,5ºC, aumentando também os custos associados à transição para uma economia de baixo carbono.
Nesse sentido, é ‘urgente’ cortar em mais 25% as emissões previstas para 2030.
A Quercus, enquanto membro da Rede Europeia para a Ação Climática, relembra que a União Europeia (UE) desempenha um papel importante no alavancar deste esforço adicional. Para impulsionar a ação climática antes de 2020, a UE precisa de cancelar o excesso de licenças de emissão - mais de 3 mil milhões - que terá acumulado até 2020, no âmbito do Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE).
De acordo com a proposta em cima da mesa para a revisão da Diretiva que regulamenta o RCLE-UE, essas licenças poderão vir ser usadas no período pós-2020 para baixar o nível de ambição das metas de redução de emissões de GEE para 2030.
O ‘Emissions Gap Report’ está disponível em: http://web.unep.org/emissionsgap/
As expectativas da Quercus para a COP22: http://climaticas.blogs.sapo.pt/quercus-exige-mais-ambicao-aos-69066
Quercus em Marraquexe já na próxima semana
A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), estará presente em Marraquexe a partir da próxima semana e até ao final da COP22, integrada na delegação oficial portuguesa e como representante das organizações não-governamentais portuguesas de ambiente e da sociedade civil.
Lisboa, 3 de novembro de 2016,
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza