Boom das renováveis leva UE a superar metas de redução de GEE
As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) na Europa estão a cair depressa, principalmente devido à rápida expansão das turbinas eólicas e dos painéis solares, que têm vindo a substituir os combustíveis fósseis na produção de eletricidade.
De acordo com dados da União Europeia, após adotarem medidas para redução das emissões de GEE, os países ultrapassam muitas vezes as suas metas. Esta conclusão é suportada por gráficos divulgados esta semana numa declaração da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).
As estatísticas da UNFCCC mostram que os 37 países industrializados (além da UE) que assinaram o Protocolo de Quioto em 1997 - o primeiro tratado internacional para combater o aquecimento global - têm frequentemente excedido os cortes prometidos por uma larga margem.
Um baluarte para os governos
A declaração da UNFCCC afirma que "esta é uma demonstração poderosa de que os acordos sobre alterações climáticas não só funcionam como podem conduzir, posteriormente, a níveis de ambição ainda mais altos".
“A conclusão bem sucedida do primeiro período de cumprimento do Protocolo de Quioto pode servir de baluarte para os governos, numa altura em que eles se encontram a trabalhar com vista a um novo acordo climático global, a ser alcançado em Paris no próximo Dezembro".
Ao nível da União Europeia, os países líderes em 'fazer poupanças' são Alemanha, Suécia, França, Itália e Espanha, que contribuem para dois terços do total do continente europeu. No entanto, o conjunto dos 28 países está também a fazer progressos com vista a atingir a meta europeia de satisfazer 20% das suas necessidades energéticas a partir de fontes renováveis, até 2020. Já se chegou aos 15%.
Parte do plano da União Europeia para prevenir que algum dos 28 Estados Membros recue no cumprimento das metas acordadas passa por medir, a cada dois anos, o impacto da implementação de várias políticas na concretização dessas reduções.
Todos os Estados Membros têm de submeter pormenores sobre as poupanças alcançadas através da introdução das energias renováveis na produção elétrica, nos sistemas de calefação e refrigeração e ainda no setor dos transportes.
O último relatório da Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia (com dados até 2012), mostra que nos três anos entre 2010 e 2012 as emissões de GEE da UE cairam 8,8%, como resultado da substituição dos combustíveis fósseis pelas renováveis.
Dois terços das poupanças foram conseguidos graças ao incremento alargado da energia eólica e solar. As renováveis utilizadas para a calefação e refrigeração representaram 31% e os transportes 5%. A maioria das renováveis utilizadas nos transportes baseou-se no uso de biocombustíveis em alternativa à gasolina e ao gasóleo.
A monitorização dos progressos alcançados no cumprimento das metas é vital para uma maior confiança entre os vários países, com a rápida aproximação das negociações de Paris. Permite também uma maior confiança política para se fazer promessas que possam ser cumpridas.
Objetivo ambicioso
A percepção de que a UE ultrapassará provavelmente a sua meta de redução de GEE de 20% em 2020, com base nos níveis de 1990, conduziu os ministros europeus a um objetivo ainda mais ambicioso - 40% de redução em 2030. Grande parte destas reduções será alcançada pela instalação de mais energias renováveis e pela aplicação de mais medidas de eficiência energética.
Por toda a Europa, as emissões variam bastante de país para país, com a Alemanha a registar o valor mais alto e Malta o mais baixo. A Alemanha tem também a maior redução absoluta das emissões - uma descida total de 23% em 2012 face aos níveis de 1990.
As maiores emissões per capita pertencem ao Luxemburgo (20 toneladas de dióxido de carbono por pessoa), seguido da Estónia (12,7 ton.), da República Checa (10,2 ton), da Alemanha (9,8 ton) e da Holanda (9,7 ton).
O conjunto de apenas cinco Estados Membros formado pela Alemanha, Polónia, Reino Unido, Itália e Roménia produziu dois terços das emissões da UE em 1990. A única mudança no ano de 2012 é que a Roménia deu lugar à Espanha neste grupo.
Traduzido do artigo original em inglês da Climate News Network.