Papa Francisco nas Nações Unidas – “Ambiente deve ter os mesmos direitos e proteção que a pessoa humana”
Esta manhã, o Papa Francisco dirigiu-se à Assembleia Geral das Nações Unidas, aqui em Nova Iorque (onde a Quercus também participa na Cimeira para adoção dos Objetivos para o desenvolvimento Sustentável até dia 27 de setembro).
Depois de uma ligeira introdução, quer do Presidente da Assembleia Geral, que referiu a necessidade de podermos ter e devemos ter um acordo climático em Paris dentro de dois meses, o Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon considerou as Nações Unidas como o único palco que permite falar para todo o mundo. Tratou-se de um momento histórico, em que pela primeira vez um Papa se dirigia a uma Assembleia Geral, aquando da sua abertura, no contexto de uma reunião onde o desenvolvimento sustentável se ajusta completamente às questões levantadas pela recente encíclica que menciona a ecologia integral, justiça social e bem-estar humano. Mais uma vez, também Ban Ki-moon se referiu ao principal desafio que são as alterações climáticas e as próximas decisões em Paris. De uma forma geral, apelou à mobilização do mundo, independentemente da religião, para melhorar a qualidade de vida de todos.
Seguiu-se a longa intervenção do Papa Francisco (conteudo total aqui), começando por mencionar o papel das Nações Unidas, sem as quais a humanidade estaria muito pior que atualmente. Falou da necessidade de uma maior igualdade, de um desenvolvimento mais sustentável – “é necessário dar meios aos países que apesar do progresso, são submetidos a grande pobreza, exclusão e dependência”. Mencionou, no contexto dos valores católicos, o valor intrínseco de cada criatura e que o “Homem deve usar a natureza mas não pode dela abusar ou destrui-la”. O ambiente é um bem fundamental e a sua destruição é acompanhada por um processo de exclusão, egoísta e de prosperidade material e de usos nocivos e de exclusão dos mais fracos. A consequência dos abusos do ambiente traduz-se numa cultura do desperdício!
Sobre as alterações climáticas - Conferência de Paris – declarou como fundamental um acordo efetivo. “Mas cometimentos sólidos não são suficientes - é preciso passos e medidas concretas para preservar e melhorar o ambiente e terminarmos também a exclusão social e económica”, tendo dado inúmeros exemplos. “A magnitude e os custos de vidas inocentes, deve-nos evitar ficarmo-nos por uma declaração que amenize as consciências”. É necessário garantir que as instituições dão uma resposta em relação a estas questões. Precisamos de instrumentos técnicos de verificação. O alojamento, trabalho, terra têm de ser enquadrados com os direitos espirituais e humanos. Lembrou a necessidade de uma agenda efetiva, prática e imediata. “Uma economia baseada na riqueza e no poder, esquece a natureza. A criação está comprometida e nós temos a palavra final. Falou ainda dos conflitos, mencionando que a guerra é um drama que constitui também um assalto ao ambiente e relevou o papel importante da Carta das Nações Unidas. “A Casa Comum de todos os homens depende da fraternidade universal”. O ambiente deve ter os mesmo e proteção direitos que a pessoa humana”. Apelar à consciência moral, nunca foi tão necessário como hoje, quando o futuro exige soluções imediatas. O futuro exige soluções imediatas. As Nações Unidas são o fórum para as decidir e implementar (seguiram-se vários minutos de aplauso).
Após um pequeno intervalo, e na abertura já da Cimeira para adoção dos agenda para o desenvolvimento até 2030, foi a vez de Malala se dirigir aos lideres mundiais pedindo a todos um conjunto de promessas em diferentes domínios, em particular na educação.
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Coligação internacional apela para o fim dos subsídios sobre biocombustíveis e biomassa
Uma coligação de organizações ambientais fez um forte apelo à União Europeia (UE) para excluir a bioenergia da revisão da Diretiva sobre as Energias Renováveis, e, assim, pôr fim aos subsídios atribuídos direta ou indiretamente para algumas energias renováveis, como os biocombustíveis e a biomassa. As associações publicaram um documento onde abordam os impactos das políticas que envolvem a bioenergia na UE, e tem como alvo decisores políticos.
O Comissário para a Energia e Clima, Miguel Arias Cañete, tem defendido que a contribuição da UE para a redução de emissões é "a mais ambiciosa apresentada até à data". No entanto, a meta de redução de emissões da UE é construída tendo por base falsos pressupostos, como a bioenergia em larga escala ser considerada como inerentemente “neutra” em emissões de carbono ou de baixo carbono, e que os mercados de carbono podem tratar eficazmente estas emissões.
Cada vez mais as evidências mostram que, quando a bioenergia é produzida e utilizada em larga escala, ela tende a aumentar em vez de diminuir as emissões de carbono, por comparação com os combustíveis fósseis. Através de incentivos para a produção de bioenergia em larga escala, a UE continua a usar as falhas de contabilidade de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) da UNFCCC, em que as emissões associadas com as alterações de uso dos solos e da degradação das florestas deveriam ser contabilizados pelos países onde estes impactos ocorrem, o que significa que os biocombustíveis e pellets de madeira importados para a UE são falsamente classificados como neutros em emissões de carbono.
A bioenergia foi responsável por dois terços de toda a energia renovável na UE em 2012, mas a coligação de associações afirma que a produção de bioenergia em larga escala não está em conformidade com a definição de energia renovável. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a energia renovável é a "energia derivada de processos naturais (por exemplo, a luz solar e vento), reposta a um ritmo mais rápido do que aquele que é consumido".
Na realidade, a bioenergia está associada com a expansão massiva da agricultura e silvicultura, de modo intensivo, sobretudo monoculturas, as quais têm impactos significativos na depleção e contaminação de solos e recursos hídricos, destruição de ecossistemas naturais e da biodiversidade, e afetação do modo de vida sustentável das comunidades locais, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. A UE não pode reduzir emissões pelo uso intensivo de bioenergia à custa da exploração de solos, florestas e recursos hídricos em outros países onde ela é produzida.
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Pobreza, desigualdade, e alterações climáticas
Os temas estão relacionados e fazem parte dos objeticos de desenvolvimento sustentável que vão ser adotados este domingo, 27 de setembro, nas Nações Unidas em Nova Iorque. Como forma de nos lembrar cada um dos temas e "iluminar" os políticos nas suas decisões, o movimento "action2015" que congrega múltiplas organizações e federações, promoveu dia 24,quinta-feira, pelas 18h uma concentração que juntou alguns milhares de pessoas numa praça perto da sede das Nações Unidas. Com exibições de músicos, discursos (entre eles o de Graça Machel), ficou o alerta aos governantes que amanhã vão começar a discutir o caminho até 2030.