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Indústria automóvel: É necessário mais rigor e transparência nos testes de emissão

Quarta-feira, 30.09.15

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Um novo estudo da Federação Europeia para os Transportes e Ambiente (T&E) mostra que alguns modelos das marcas Mercedes, BMW e Peugeot têm consumos de combustível cerca de 50% superiores aos valores oficiais fornecidos pelas marcas.

Os novos modelos destas marcas, incluindo o Mercedes A, C e Classe E, BMW Série 5 e Peugeot 308, consomem cerca de 50% mais combustível em condições reais de condução do que os consumos oficiais obtidos a partir de testes de laboratório. A diferença entre os consumos em estrada e a partir de testes de laboratório em muitosmodelos de automóveistem crescido significativamente nos últimos anos, o quenão pode ser explicado através de fatoresconhecidos, incluindomanipulaçõesde testes.

Enquanto este estudo não constitui prova da instalação de  dispositivos que manipulam os consumo de combustível dos veículos, semelhante ao utilizado pela Volkswagen para manipular as emissões, os Estados-membros da União Europeia devem estender a investigação sobre os dispositivos que manipulam as emissões de CO2 e também aos veículos a gasolina. A diferença entre os dados oficiais de ensaio para as emissões de CO2/consumo de combustível e o desempenho em condições reais de condução aumentou para 40%, em média, em 2014, comparativamente com apenas 8% em 2001, de acordo com este estudo da T&E.

O estudo analisa o consumo de combustível em condições reais de condução (na estrada), destaca os abusos que os fabricantes de automóveis têm feito dos testes de emissão e do fracasso dos reguladores da UE para solucionar este problema. A diferença tornou-se um abismo e, sem uma ação reguladora, provavelmente irá crescer para 50%, em média, até 2020. Ao explorar as falhas do procedimento de teste (incluindo as diferenças conhecidas entre condições reais de condução e em laboratório) os veículos convencionais podem apresentar emissões de CO2 em estrada até 40-45% superiores do que o realmente medido em laboratório. Em alguns modelos, a diferença pode atingir mais de 50%.

Em média, os novos modelos da Mercedes têm uma diferença média de 48%, mas os novos modelos de classe A, C e E têm uma diferença de mais de 50%. O BMW Série 5 e Peugeot 308 estão abaixo dos 50%. As causas destas diferenças devem ser clarificadas o mais rapidamente possível. Esta distorção pode custar aos condutores uma média de 450 euros por ano em custos adicionais de combustível em comparação com o valor de consumo divulgado pela publicidade das marcas automóveis. Mas os fabricantes continuam a tentar atrasar a introdução de um novo teste de emissão (o Worldwide Harmonized Light Vehicles Test Procedure  - WLTP), programada para 2017.

Em média, dois terços dos benefícios reivindicados na redução de emissões de CO2 e de consumo de combustível desde 2008 foram conseguidos à custa de manipulação de resultados (apenas 13,3 gCO2/km de progresso obtido na estrada contra os 22,2 gCO2/ kmque os resultados baseados em testes de laboratório apontam). Isto significa que, nos últimos três anos, os novos veículos não têm sofrido melhorias na poupança de combustível pela melhoria da eficiência, na estrada. Apenas a Toyota terá cumprido a sua meta de 2015 sem explorar as flexibilidades do sistema de testes de emissão,  enquanto todos os outros fabricantes automóveis atingiram os seus limites legais explorando as falhas identificadas neste sistema.

Na Europa, os automóveis são responsáveis por 15% das emissões totais de CO2 e são a maior fonte de emissões dentro do setor dos transportes. A legislação europeia sobre limites de emissão de CO2 para os novos veículos ligeiros de passageiros exige que os fabricantes cumpram o valor máximo de 130 gCO2/km até 2015 e 95 gCO2/km até 2021.

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publicado por Quercus às 20:11