Relatório divulgado hoje mostra urgência de metas climáticas mais ambiciosas
Foi hoje divulgado o relatório de avaliação realizado pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) sobre as contribuições nacionais (INDCs) que serão a base do acordo esperado em Paris, na COP 21.
Este relatório faz soar o alarme para todos os países que precisam de fortalecer as suas metas climáticas atuais, por serem insuficientes, antes de serem postas em prática.
O relatório confirma que os compromissos atuais são demasiado fracos para que se consiga manter o aumento da temperatura global abaixo do limite acordado de 2 graus Celsius. Sem um reforço destes objetivos não será possível impedir os efeitos catastróficos das alterações climáticas, que estão já a acontecer neste século.
Praticamente todos os países definiram já as suas metas climáticas. Os líderes políticos já perceberam que não podem continuar a ignorar as vantagens de mudar de paradigma e transitar dos combustíveis fósseis para a energia limpa. No entanto, as promessas não são suficientemente ambiciosas.
Este relatório mostra claramente a urgência de se chegar a um consenso global relativamente a metas climáticas mais ousadas. Infelizmente, os líderes europeus não aproveitaram ainda a oportunidade de assumir um papel de liderança.
As organizações membros da CAN Europe apelam à UE para que defenda firmemente o início da revisão das atuais metas imediamente após a Conferência de Paris, bem como a sua conclusão no máximo até 2018. Este calendário deverá garantir que novas e melhores metas sejam assumidas já em 2020.
O relatório em questão mostra ainda que muitos países mais pobres, sem qualquer responsabilidade histórica nesta crise climática, estão a querer contribuir através do corte de emissões. Muitos já se ofereceram para aumentar os seus esforços em troca de apoio internacional. De modo a incentivá-los a apostar em padrões de desenvolvimento que passem por cima do uso de fontes energéticas poluentes, os governos europeus precisam de acordar um pacote de financiamento climático forte para o período pós-2020.
O próximo conselho de Ministros das Finanças da UE, a 10 de Novembro, onde serão feitas discussões preparatórias para a COP21 de Paris, é uma excelente oportunidade para a UE encontrar uma proposta abrangente em termos de financiamento climático.
O relatório está disponível aqui: http://unfccc.int/focus/indc_portal/items/9240.php
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Aquecimento global pode ser mais devastador para a economia do que se possa pensar
Um estudo publicado na revista científica Nature, da autoria de cientistas da Universidade de Stanford e de UC Berkeley, mostra que o aquecimento global vai limitar o crescimento económico, mesmo nos países mais ricos. Uma das conclusões aponta que, até agora, tem sido subestimado de forma dramática o impacto das alterações climáticas causadas pelo homem sobre a economia global.
Ao analisar os dados de 160 países, durante um período de 50 anos, entre 1960 e 2010, os autores descobriram que uma temperatura média local de 13°C é considerada ótima para favorecer a economia, especialmente a produtividade agrícola. Esta temperatura reflete, aproximadamente, o clima atual em muitos países ricos, como os EUA, o Japão, a França e a China.
Se as temperaturas forem geralmente mais frias, o aquecimento beneficia a economia local, mas ultrapassado o pico ótimo de temperatura, o aquecimento reduz a produtividade económica. A robustez deste resultado é particularmente interessante. O estudo descobriu que esta realidade é verdadeira para ambos os países ricos e pobres, e que se manteve para ambos no período entre 1960 e 1989, e também no período entre 1990 e 2010.
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Ondas de calor extremas podem aquecer o Golfo para além dos limites da resistência humana
A região do globo que abrange os principais países exploradores de petróleo – Abu Dhabi, Dubai, Doha e a costa do Irão - vai sofrer aumentos das temperaturas médias e humidade nunca antes observados para as próximas décadas, se o mundo não conseguir reduzir as emissões de carbono.
A zona do Golfo Pérsico, no Médio Oriente, em pleno coração da exploração petrolífera mundial, vai sofrer ondas de calor para além do limite da sobrevivência humana, se as alterações climáticas forem ignoradas. Esta é a conclusão de um estudo da autoria de Jeremy Pal e Elfatih Eltahir, investigadores do Massachusetts Institute of Technology, publicado na revista científica Nature Climate Change.
As ondas de calor extremas afetarão o Abu Dhabi, o Dubai, Doha e as cidades costeiras do Irão, e serão uma ameaça mortal para milhões de peregrinos muçulmanos durante as festas religiosas na Arábia Saudita, no período do Verão. O estudo mostra que as ondas de calor extremas, as mais intensas até hoje registadas no planeta, serão uma realidade depois de 2070 e os dias mais quentes do presente serão uma ocorrência quase diária.
O estudo salienta que esta zona do globo é uma região sensível onde as alterações climáticas podem afetar severamente as condições de habitabilidade das comunidades locais no futuro, se não ocorrerem cortes significativos das emissões de carbono.
O clima futuro para muitos locais na zona do Golfo será semelhante ao clima extremo que se vive atualmente na parte norte do deserto de Afar, no lado africano do Mar Vermelho, onde deixaram de existir comunidades humanas permanentes. Mas este trabalho de investigação também demonstrou que a redução das emissões de gases com efeito de estufa é o caminho para evitar este destino.
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Edifícios vão consumir mais energia para arrefecimento do que para aquecimento até meados do século
A crescente procura por equipamentos de ar condicionado para arrefecimento ameaça tornar o planeta mais quente e minar os objetivos para limitar as emissões de gases com efeito de estufa.
Perante a iminência dos efeitos das alterações climáticas, o mundo enfrenta uma "crise de frio" eminente e potencialmente perigosa, com a procura de equipamentos de ar condicionado para arrefecimento a crescer tão rapidamente que ameaça quebrar promessas e metas para combater o aquecimento global.
Em todo o mundo, prevê-se que o consumo global de energia pelo setor do ar condicionado cresça 33 vezes até 2100, devido ao aumento de rendimento nos países em desenvolvimento e o avanço da urbanização. Só os Estados Unidos da América estão a consumir a mesma energia elétrica para arrefecer os seus edifícios do que toda a energia consumida em todos os setores no continente africano. A China e Índia estão rapidamente a aproximar-se dos níveis de consumo dos EUA. Até metade do século, a nível global, será consumida mais energia para o arrefecimento do que para o aquecimento.
Nos próximos 15 anos, prevê-se um aumento da procura de energia para arrefecimento de edifícios de 72%, enquanto que a procura de energia para aquecimento irá decrescer 30% na Europa.
Uma vez que a produção de frio ainda é esmagadoramente dependente da queima de combustíveis fósseis, os objetivos de redução de emissões que serão acordados na próxima cimeira climática em Paris arriscam-se a não serem cumpridos, enquanto os governos e os especialistas em ciência climática lutam com uma cruel ironia das alterações climáticas: o setor do arrefecimento pode, de facto, aquecer o planeta.
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Greenpeace quer converter negócio de lenhite da Vattenfall em exemplo de ação contra as alterações climáticas
Na semana passada, a Greenpeace Países Nórdicos apresentou uma "declaração de interesse" para a aquisição do negócio de lenhite da empresa alemã Vattenfall, na qual descreve a sua estratégia para o futuro da empresa. Logo após a conferência de imprensa em Berlim, a Greenpeace também irá apresentar a "declaração de interesse" ao banco Citigroup.
A Greenpeace Países Nórdicos prevê a criação de uma fundação constituída ao abrigo da lei alemã com o objetivo de eliminar, de forma gradual e sustentável, a exploração mineira de lenhite e abandonar a produção de energia elétrica a partir do carvão até 2030, o mais tardar.
Esta organização está a preparar-se para assumir a responsabilidade pela proteção do clima, a saúde humana e a criação de emprego na região, se a própria empresa e o Governo sueco não estiverem dispostos a fazê-lo. Esta é uma oportunidade de transformar um negócio sem futuro baseado no carvão num exemplo para o mundo de como pode ser realizada a transição para as energias renováveis e a sustentabilidade.
A "declaração de interesse" inclui uma estimativa do verdadeiro valor de mercado das operações de lenhite da Vattenfall e descreve as intenções da Greenpeace Países Nórdicos para uma potencial aquisição.
A estimativa faz parte de uma análise realizada pelo Instituto Brainpool para a Energia, a pedido da Greenpeace Países Nórdicos. Esta análise mostra claramente que o alegado valor das operações de lenhite da Vattenfall anteriormente relatado nos meios de comunicação social foi muito subestimado. O valor líquido atual da Vattenfall, na região alemã da Lusatia, equivale a menos de meio milhar de milhão de euros.
O valor real de mercado também deve incluir os custos de reabilitação de minas a céu aberto e a demolição de centrais a carvão, bem como os custos de reestruturação, um passivo que ascende a mais de dois mil milhões de euros. Além disso, quando o valor real inclui todos os passivos ambientais e sociais, pode mesmo atingir o montante total de dezenas de milhar de milhões de euros.
Para além da Greenpeace Países Nórdicos, apenas as empresas checas EPH e CEZ da área da energia expressaram publicamente o seu interesse em adquirir a empresa Vattenfall. Para a Greenpeace, qualquer pessoa envolvida, seja vendedor ou comprador, que não toma em consideração o valor real de mercado na transação, incluindo os passivos ambientais e sociais, está a contar com a possibilidade de transferir estes custos, neste caso, muito provavelmente o Estado alemão e, em última instância, os seus cidadãos.
É urgentemente necessária uma ação enérgica sobre as alterações climáticas, e também as associações, como a Greenpeace, estão empenhadas em garantir que esse processo faz parte da solução e não um outro exemplo de fracasso político.
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Líderes religiosos apelam para um acordo global em Paris
Esta semana, uma declaração assinada por mais de 150 líderes religiosos e espirituais de diferentes religiões foi entregue a Christiana Figueres, Secretária Executiva do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da Organização das Nações Unidas, num apelo para um acordo global de redução das emissões, justo, ambicioso, vinculativo e aplicável a todos os países a ser negociado ainda este ano, em Paris.
A carta sublinha a importância da COP21 ser o momento certo para traduzir gestão ecológica em ação climática concreta, mostrar responsabilidade intergeracional, garantir justiça climática, e para iniciar uma transformação individual e societal sem precedentes, bem como mostrar uma liderança real e visionária.
É um forte apelo para uma meta de longo prazo no sentido de eliminar progressivamente as emissões de GEE e integrar as energias renováveis a 100% até 2050, a criação de um mecanismo de ação e de um sistema baseado em regras, o estabelecimento de uma meta climática resiliente e com o apoio técnico e financeiro necessários. Mais, os líderes religiosos estão especificamente a pedir aos países mais ricos e aos principais emissores para assumirem mais ações no seu domínio e proporcionarem o apoio necessário para os outros países nesta transição.
Finalmente, os líderes religiosos sublinham a importância de que todos devem agir, em paralelo, com os governos, a fim de aumentar a consciencialização das comunidades e abraçar estilos de vida sustentáveis.
Depois da divulgação da encíclica Laudato Si' do Papa Francisco, da Declaração da Conferência Inter-religiosa de Nova Iorque, a Declaração de Lambeth e a Declaração Islâmica sobre alterações climáticas, a mensagem dos diferentes grupos religiosos e espirituais de todo o mundo é inequívoca em prol da ação climática.
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Líderes europeus falham momento para pedir mais ação climática, apesar do impacto sobre a migração
Os líderes europeus reuniram-se na semana passada, em Bruxelas, para o último Conselho Europeu antes da cimeira de Paris, em Dezembro, mas perderam uma oportunidade para reforçar a posição da União Europeia (UE) para as negociações internacionais sobre o clima.
As associações de defesa do ambiente acusam os líderes europeus de negligenciar a urgência para a ação climática, porque não conseguiram enviar o sinal certo e necessário, quer para um acordo mais forte em Paris, quer para enfrentar os desafios da migração que possam surgir no futuro.
O Conselho Europeu não adotou quaisquer conclusões sobre a posição da UE para Paris, e muito menos fortaleceu a sua ambição. Isto, apesar do fato desta ser a última reunião dos chefes de Estado europeus antes da conferência.
Para as associações de defesa do ambiente, é lamentável que os líderes europeus não tratem a crise climática com a seriedade e a urgência que ela merece. O Conselho Europeu foi o momento oportuno para decidir sobre a forma como a UE vai aumentar a sua ambição na proposta do acordo de Paris.
A posição da UE ainda contém pontos cegos importantes, como por exemplo, os seus planos de aumentar as metas climáticas atuais consideradas inadequadas, e de fornecer a sua quota parte dos 100 biliões de dólares por ano em financiamento climático prometido, em 2020.
As associações de defesa do ambiente apelam para o fato de que, sem uma ação urgente e adequada sobre o clima, a vida das pessoas estará em risco muito elevado devido aos impactes climáticos. Isto irá aumentar o movimento de pessoas em busca de segurança e de uma vida melhor no futuro.
A atual crise de migração deve ser um alerta para combater as alterações climáticas de forma urgente. Se a UE quiser evitar o cenário de ter que lidar com sucessivas crises de refugiados, vai ser necessário aumentar a sua ação climática nos próximos cinco anos. Até 2020, as associações precisam de ver mais esforços para reduzir as emissões e mais dinheiro a fluir para os países mais pobres para ajudá-los a lidar com os impactes climáticos mais devastadores que motivam as pessoas a fugirem dos seus países de origem.
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Apelo para Turquia abandonar o plano do carvão
A Turquia poderá vir a tornar-se a nova bomba climática na Europa, apoiada por empresas públicas francesas. Por toda a Europa, as associações de defesa do ambiente estão a pedir à França para abandonar os projetos para a construção de novas centrais a carvão na Turquia.
A França está a seguir dois caminhos distintos e inaceitáveis, na antecipação da próxima Cimeira do Clima de Paris, em Dezembro próximo. Por um lado, o governo anuncia o aumento do financiamento climático e proíbe créditos de exportação para o carvão, mas por outro lado as empresas parcialmente públicas Engie e EDF estão a desenvolver grandes projetos para o carvão - principalmente fora da Europa. Juntas, estas empresas operam 46 centrais a carvão, a nível mundial.
A Engie quer aumentar a sua capacidade de produção a partir do carvão, como demonstram os planos para a nova central Ada Yumurtalik, na Turquia (1.320 MW), para além da construção de novas centrais que se estendem desde a Mongólia até ao Brasil e Chile. A Rede Europeia de Ação Climática (CAN Europe) expôs os planos da nova central Ada Yumurtalik na Turquia, entre outros.
Esta semana, várias associações de defesa do ambiente, principalmente da França e da Turquia, enviaram uma carta ao Presidente francês Hollande, apelando ao fim dos projetos para a construção de novas centrais a carvão da Engie na Turquia, antes da Cimeira do Clima em Paris.
Segundo estas associações, a Turquia está a mostrar sinais de uma total falta de ambição climática, com planos para a construção de 75 novas centrais para produção de energia. O país pode tornar-se, assim, uma verdadeira bomba climática. Se o apoio francês aos novos planos de política energética estiver fora da mesa, serão limitadas as chances da Turquia travar a sua dependência a partir de combustíveis fósseis nas próximas décadas.
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Gelo da Antártida está a derreter tão rápido que pode colocar em risco todo o continente até 2100
Um novo estudo prevê a duplicação do degelo superficial das calores polares até 2050, com risco do seu colapso pelo final deste século, dizem os cientistas climáticos.
O gelo da Antártida está a derreter tão rápido que a estabilidade de todo o continente poderia estar em risco em 2100.
O colapso generalizado das plataformas de gelo da Antártida - extensões flutuantes de gelo terrestre que se projetam até ao mar – poderia conduzir a aumentos do nível do mar com consequências dramáticas.
Este novo estudo publicado na revista Nature prevê a duplicação do degelo da superfície das calotes polares, até 2050. Até o final do século, a taxa de degelo pode ultrapassar o ponto associado com o colapso das plataformas de gelo.
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A temperatura vai subir mais de 2ºC
Até agora 147 nações apresentaram os seus compromissos de redução das emissões, mas estas ficam muito aquém do necessário para evitar que a temperatura global aumente mais do que a 2ºC, até o final do século. Esta é principal conclusão dos especialistas que analisaram as propostas apresentadas pelos países, no período preparatório para as negociações que decorrerão em Paris.
Um aumento superior a 2ºC é considerada demasiado em relação ao que a Terra poderia acomodar sem a consequências catastróficas para a produção de alimentos, nível do mar, biodiversidade, desertos e reservas de água. Mesmo com aumentos inferiores a 2ºC, os cientistas afirmam que ainda assim a maioria dos recifes de coral irão ser destruídos e que parte significativa dos glaciares Gronelândia irão desaparecer, com consequência no aumento do nível do mar.
"Tivemos um aumento da temperatura global de quase 1ºC desde a revolução industrial e já vimos impactos generalizados que tiveram consequências reais para as pessoas", disse o especialista em clima Professor Chris Field, da Universidade de Stanford, ao jornal The Guardian. "Devemos, portanto, fazer todos os possíveis para limitar o aquecimento a 2ºC. No entanto, isso vai exigir um nível de ambição que ainda não vimos ".