Greenpeace quer converter negócio de lenhite da Vattenfall em exemplo de ação contra as alterações climáticas
Na semana passada, a Greenpeace Países Nórdicos apresentou uma "declaração de interesse" para a aquisição do negócio de lenhite da empresa alemã Vattenfall, na qual descreve a sua estratégia para o futuro da empresa. Logo após a conferência de imprensa em Berlim, a Greenpeace também irá apresentar a "declaração de interesse" ao banco Citigroup.
A Greenpeace Países Nórdicos prevê a criação de uma fundação constituída ao abrigo da lei alemã com o objetivo de eliminar, de forma gradual e sustentável, a exploração mineira de lenhite e abandonar a produção de energia elétrica a partir do carvão até 2030, o mais tardar.
Esta organização está a preparar-se para assumir a responsabilidade pela proteção do clima, a saúde humana e a criação de emprego na região, se a própria empresa e o Governo sueco não estiverem dispostos a fazê-lo. Esta é uma oportunidade de transformar um negócio sem futuro baseado no carvão num exemplo para o mundo de como pode ser realizada a transição para as energias renováveis e a sustentabilidade.
A "declaração de interesse" inclui uma estimativa do verdadeiro valor de mercado das operações de lenhite da Vattenfall e descreve as intenções da Greenpeace Países Nórdicos para uma potencial aquisição.
A estimativa faz parte de uma análise realizada pelo Instituto Brainpool para a Energia, a pedido da Greenpeace Países Nórdicos. Esta análise mostra claramente que o alegado valor das operações de lenhite da Vattenfall anteriormente relatado nos meios de comunicação social foi muito subestimado. O valor líquido atual da Vattenfall, na região alemã da Lusatia, equivale a menos de meio milhar de milhão de euros.
O valor real de mercado também deve incluir os custos de reabilitação de minas a céu aberto e a demolição de centrais a carvão, bem como os custos de reestruturação, um passivo que ascende a mais de dois mil milhões de euros. Além disso, quando o valor real inclui todos os passivos ambientais e sociais, pode mesmo atingir o montante total de dezenas de milhar de milhões de euros.
Para além da Greenpeace Países Nórdicos, apenas as empresas checas EPH e CEZ da área da energia expressaram publicamente o seu interesse em adquirir a empresa Vattenfall. Para a Greenpeace, qualquer pessoa envolvida, seja vendedor ou comprador, que não toma em consideração o valor real de mercado na transação, incluindo os passivos ambientais e sociais, está a contar com a possibilidade de transferir estes custos, neste caso, muito provavelmente o Estado alemão e, em última instância, os seus cidadãos.
É urgentemente necessária uma ação enérgica sobre as alterações climáticas, e também as associações, como a Greenpeace, estão empenhadas em garantir que esse processo faz parte da solução e não um outro exemplo de fracasso político.