Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Energia e poluição do ar são o foco do World Energy Outlook Special Report 2016

Quarta-feira, 29.06.16

Energy_and_Air_Pollution_Cover_400px.jpg

 Com base em novos dados de 2015 sobre emissões e projeções para 2040, o relatório especial da série “World Energy Outlook Special Report 2016” elaborado pela Agência Internacional de Energia (AIE) foca-se numa perspetiva global sobre a produção e consumo de energia e os seus efeitos sobre a poluição do ar, bem como os perfis detalhados dos principais países e regiões: EUA, México, União Europeia, China, Índia, Sudeste Asiático e África.

A escala da crise em matéria de saúde pública causada pela poluição do ar e da importância do sector da energia para a sua solução são as razões pelas quais a AIE concentrou-se pela primeira vez sobre este tema crítico. 

Eis alguns factos sobre este relatório:

- Cerca de 6,5 milhões de mortes prematuras que ocorrem, por ano, podem ser atribuídas à poluição atmosférica;

- A produção e consumo de energia são, de longe, as maiores fontes antropogénicas de poluentes atmosféricos;

- As tecnologias para mitigar a poluição atmosférica são bem conhecidas e estão já disponíveis.

O acesso a ar limpo é vital para uma boa saúde. No entanto, apesar do reconhecimento deste imperativo, o problema da poluição do ar está longe de estar resolvido em muitos países e regiões do mundo, e o risco global de impactos na saúde irá intensificar-se nas próximas décadas.

No cenário “Ar Limpo” é proposta uma estratégia pragmática e viável para conciliar as necessidades globais de energia com o objetivo de manter um ar mais limpo: um pequeno aumento no investimento em energia de apenas 7% poderia reduzir os níveis de poluição em cerca de 50% e o número de mortes prematuras, a nível global.

Em conjunto com os múltiplos benefícios para a saúde humana, esta estratégia mostra que resolver o problema da poluição do ar a nível global pode andar de mãos dadas com o progresso em direção a outros objetivos ambientais e de desenvolvimento.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Quercus às 15:24

Degelo do permafrost do Ártico está a acelerar aquecimento global

Terça-feira, 28.06.16

Tundra_Biome_600.jpg

 

Os cientistas do clima alertam que o degelo das camadas de permafrost (expressão que designa solo permanentemente gelado) nas tundras do Ártico irá libertar grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) para a atmosfera. 

Estes cientistas têm defendido que o aquecimento do Ártico vai acelerar o aquecimento global do planeta. O aquecimento e seca consequente do permafrost vai libertar para a atmosfera cada vez maiores quantidades de CO2 retido nos solos do Ártico.

 

Estas áreas de tundra, à medida que forem aquecendo, também irão lançar grandes quantidades de CH4, um gás com efeito de estufa (GEE)com tempo de vida mais curto, mas com poder de aquecimento global cerca de 23 vezes superior ao do conhecido CO2.

O Ártico já é a região do planeta onde o aquecimento global é mais acelerado. Estima-se que os solos de permafrost são capazes de aprisionar duas vezes mais carbono do que a atmosfera, por isso as consequências deste aquecimento acelerado podem ser dramáticas e os cientistas estão sob pressão para prever o que vai acontecer no futuro.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Quercus às 17:04

Transportes são o maior problema climático, segundo a AEA

Quarta-feira, 22.06.16

transito.png A Agência Europeia do Ambiente (AEA) divulgou ontem que as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) provenientes dos transportes aumentaram, pela primeira vez, desde 2007, enquanto as emissões de outros setores da economia têm vindo a diminuir.

O último relatório sobre a evolução das emissões de GEE, ao nível da União Europeia (UE) mostra que, em 2014, os transportes tornaram-se o maior emissor de GEE na Europa.

 

 

Transportes ultrapassaram produção de energia

As emissões de GEE de todos os modos de transporte aumentaram 0,6% para 1.153 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Mt CO2eq.), enquanto estas emissões diminuíram em outros sectores da economia.

O sector da produção de energia era, até recentemente, o maior emissor de CO2, mas as emissões caíram 7,4%, para 1.066 Mt CO2eq. Esta tendência está relacionada com o efeito combinado do encerramento de centrais termoelétricas movidas a combustíveis fósseis (cerca de 10 MW) e a instalação de nova capacidade de produção de energia eólica e solar (20 GW) em todo o continente europeu.

 

Comissão Europeia prepara estratégia de descarbonização dos transportes, entre outras medidas

As evidências anteriores são muito significativas, num momento em que a Comissão Europeia está a preparar o lançamento de uma estratégia europeia para a descarbonização dos transportes para o próximo dia 20 de Julho.

Na mesma data, a Comissão também vai apresentar uma proposta de compromisso para  reduzir as emissões de GEE dos sectores não abrangidos pelo Regime do Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE) – sendo o mais importante, precisamente, os transportes – para cumprir a meta de redução das emissões de GEE de 30%, entre 2005 e 2030, através do mecanismo designado de “decisão relativa à partilha de esforços”.

Estes números representam um alerta para aqueles que pensavam que a Europa estaria a ignorar as emissões dos transportes que continuam a ser, sem sombra de dúvida, o maior problema climático da Europa.

A Comissão Europeia não tem escolha, senão ajudar os Estados-Membros e elaborar uma estratégia ambiciosa para aumentar a eficiência e a eletrificação nos transportes, como a proposta de novos limites de emissão de CO2 para os novos veículos ligeiros e pesados em 2025.

 

Aviação e transporte marítimo internacional põem em causa metas da UE para 2030

Para além disso, as emissões de CO2 provenientes da aviação e do transporte marítimo internacional que não estão incluídas no inventário das  emissões totais de GEE na UE, sofreram um aumento de 1,6% (no caso da aviação) e uma diminuição de 0,2% (no caso do transporte marítimo). Se as emissões destes dois sectores fossem incluídas no inventário das emissões totais de GEE, a contribuição dos transportes para as emissões totais líquidas de CO2 da UE seria de 31%, dos quais a aviação e o transporte marítimo representariam 7,3%.

Estas tendências são um risco claro para alcançar as metas de redução de emissões da UE em 2030, e mostram claramente que existem medidas eficazes para controlar as emissões da aviação e transporte marítimo internacional que são necessárias e urgentes. Para a Europa, contar com a ação exclusiva de duas agências das Nações Unidas – com um histórico considerável de inação e derrogações em decisões importantes, em matéria de redução das emissões da aviação e do transporte marítimo internacional -  seria uma traição clara aos compromissos assumidos em Paris pela UE. O sector do transporte internacional (aéreo e marítimo) devem contribuir para as metas climáticas em 2030 da UE, e seguir o exemplo de outros setores da economia.

 

Emissões dos transportes podem estar subestimadas

As associações de defesa do ambiente salientam ainda que as emissões dos transportes são superiores aos valores apresentados pela AEA,  porque os biocombustíveis (de primeira geração) utilizados nos transportes são contabilizados como emissões “zero” de carbono e, portanto, "desaparecem" da contabilização das emissões totais de GEE. A maioria destes biocombustíveis têm impactos climáticos comparáveis ou mesmo superiores aos combustíveis fósseis que pretendem substituir. Isto significa que as emissões dos transportes são, na realidade, cerca de 6% superiores aos valores indicados pela AEA [1].

 

Nota:

[1] Análises e dados de mercado recentes indicam que o biodiesel produzido a partir de culturas agroalimentares pode apresentar emissões até 80% superiores ao gasóleo, enquanto o bioetanol pode apresentar emissões até 30% mais reduzidas do que a gasolina. Sendo a quota de biocombustíveis no mercado na UE de 350 milhões de toneladas de petróleo equivalente (Mtoe), o consumo total de energia nos transportes, em 2014, foi de cerca de 3% e 1%, respetivamente, o que representa uma lacuna de cerca de 3*1,8% + 0,7% = 6%. 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Quercus às 15:35