Compromissos de redução cumprem apenas metade do caminho para travar alterações climáticas
Os governos terão de aumentar os esforços para limitar as emissões de carbono, a fim de evitar as consequências das alterações climáticas, segundo um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado em antecipação da cimeira de Paris.
Os atuais esforços globais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa correspondem apenas a metade das reduções que são necessárias, de acordo com a análise da ONU.
O relatório sugere que os governos terão de ir muito mais longe nas suas promessas de limitar as emissões futuras de dióxido de carbono, as quais foram submetidas à ONU antes da conferência sobre as alterações climáticas a decorrer em Dezembro, em Paris.
Encontrar os meios para os governos aumentarem a ambição dos seus compromissos de redução das emissões é um dos componentes-chave das negociações de Paris. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) divulgou um novo relatório, reforçando que os níveis das emissões globais não devem ultrapassar as 48 gigatoneladas (Gt) de dióxido de carbono equivalente em 2025, e 42 Gt em 2030, se o mundo quiser limitar o aquecimento global a não mais do que 2ºC, em média, acima das temperaturas na época pré-industrial. O limite de 2ºC é internacionalmente reconhecido pelos cientistas como um limite de segurança, além do qual as consequências das alterações climáticas - como secas, inundações, ondas de calor e subida do nível do mar - serão suscetíveis de alcançar uma dimensão catastrófica e irreversível.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Aquecimento global prestes a ultrapassar o limiar de 1ºC
As temperaturas globais estão a aumentar mais de um grau acima dos níveis pré-industriais, de acordo com dados da Agência Meteorológica Met Office do Reino Unido.
Os dados obtidos entre janeiro a setembro deste ano já se encontravam 1,02ºC acima da média entre 1850 e 1900.
Se o aumento de temperatura permanecer como previsto, 2015 será o primeiro ano a transpor um dos limiares-chave do aquecimento global.
O mundo estará, então, a meio caminho em direção ao limiar dos 2ºC, a partir do qual já não será possível evitar as piores consequências das alterações climáticas ao nível global.
Estes dados trazem a certeza para uma ação urgente durante as negociações, em Paris, no final deste mês para definir um novo tratado climático global.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Aquecimento global pode ser mais devastador para a economia do que se possa pensar
Um estudo publicado na revista científica Nature, da autoria de cientistas da Universidade de Stanford e de UC Berkeley, mostra que o aquecimento global vai limitar o crescimento económico, mesmo nos países mais ricos. Uma das conclusões aponta que, até agora, tem sido subestimado de forma dramática o impacto das alterações climáticas causadas pelo homem sobre a economia global.
Ao analisar os dados de 160 países, durante um período de 50 anos, entre 1960 e 2010, os autores descobriram que uma temperatura média local de 13°C é considerada ótima para favorecer a economia, especialmente a produtividade agrícola. Esta temperatura reflete, aproximadamente, o clima atual em muitos países ricos, como os EUA, o Japão, a França e a China.
Se as temperaturas forem geralmente mais frias, o aquecimento beneficia a economia local, mas ultrapassado o pico ótimo de temperatura, o aquecimento reduz a produtividade económica. A robustez deste resultado é particularmente interessante. O estudo descobriu que esta realidade é verdadeira para ambos os países ricos e pobres, e que se manteve para ambos no período entre 1960 e 1989, e também no período entre 1990 e 2010.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Ondas de calor extremas podem aquecer o Golfo para além dos limites da resistência humana
A região do globo que abrange os principais países exploradores de petróleo – Abu Dhabi, Dubai, Doha e a costa do Irão - vai sofrer aumentos das temperaturas médias e humidade nunca antes observados para as próximas décadas, se o mundo não conseguir reduzir as emissões de carbono.
A zona do Golfo Pérsico, no Médio Oriente, em pleno coração da exploração petrolífera mundial, vai sofrer ondas de calor para além do limite da sobrevivência humana, se as alterações climáticas forem ignoradas. Esta é a conclusão de um estudo da autoria de Jeremy Pal e Elfatih Eltahir, investigadores do Massachusetts Institute of Technology, publicado na revista científica Nature Climate Change.
As ondas de calor extremas afetarão o Abu Dhabi, o Dubai, Doha e as cidades costeiras do Irão, e serão uma ameaça mortal para milhões de peregrinos muçulmanos durante as festas religiosas na Arábia Saudita, no período do Verão. O estudo mostra que as ondas de calor extremas, as mais intensas até hoje registadas no planeta, serão uma realidade depois de 2070 e os dias mais quentes do presente serão uma ocorrência quase diária.
O estudo salienta que esta zona do globo é uma região sensível onde as alterações climáticas podem afetar severamente as condições de habitabilidade das comunidades locais no futuro, se não ocorrerem cortes significativos das emissões de carbono.
O clima futuro para muitos locais na zona do Golfo será semelhante ao clima extremo que se vive atualmente na parte norte do deserto de Afar, no lado africano do Mar Vermelho, onde deixaram de existir comunidades humanas permanentes. Mas este trabalho de investigação também demonstrou que a redução das emissões de gases com efeito de estufa é o caminho para evitar este destino.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Edifícios vão consumir mais energia para arrefecimento do que para aquecimento até meados do século
A crescente procura por equipamentos de ar condicionado para arrefecimento ameaça tornar o planeta mais quente e minar os objetivos para limitar as emissões de gases com efeito de estufa.
Perante a iminência dos efeitos das alterações climáticas, o mundo enfrenta uma "crise de frio" eminente e potencialmente perigosa, com a procura de equipamentos de ar condicionado para arrefecimento a crescer tão rapidamente que ameaça quebrar promessas e metas para combater o aquecimento global.
Em todo o mundo, prevê-se que o consumo global de energia pelo setor do ar condicionado cresça 33 vezes até 2100, devido ao aumento de rendimento nos países em desenvolvimento e o avanço da urbanização. Só os Estados Unidos da América estão a consumir a mesma energia elétrica para arrefecer os seus edifícios do que toda a energia consumida em todos os setores no continente africano. A China e Índia estão rapidamente a aproximar-se dos níveis de consumo dos EUA. Até metade do século, a nível global, será consumida mais energia para o arrefecimento do que para o aquecimento.
Nos próximos 15 anos, prevê-se um aumento da procura de energia para arrefecimento de edifícios de 72%, enquanto que a procura de energia para aquecimento irá decrescer 30% na Europa.
Uma vez que a produção de frio ainda é esmagadoramente dependente da queima de combustíveis fósseis, os objetivos de redução de emissões que serão acordados na próxima cimeira climática em Paris arriscam-se a não serem cumpridos, enquanto os governos e os especialistas em ciência climática lutam com uma cruel ironia das alterações climáticas: o setor do arrefecimento pode, de facto, aquecer o planeta.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Greenpeace quer converter negócio de lenhite da Vattenfall em exemplo de ação contra as alterações climáticas
Na semana passada, a Greenpeace Países Nórdicos apresentou uma "declaração de interesse" para a aquisição do negócio de lenhite da empresa alemã Vattenfall, na qual descreve a sua estratégia para o futuro da empresa. Logo após a conferência de imprensa em Berlim, a Greenpeace também irá apresentar a "declaração de interesse" ao banco Citigroup.
A Greenpeace Países Nórdicos prevê a criação de uma fundação constituída ao abrigo da lei alemã com o objetivo de eliminar, de forma gradual e sustentável, a exploração mineira de lenhite e abandonar a produção de energia elétrica a partir do carvão até 2030, o mais tardar.
Esta organização está a preparar-se para assumir a responsabilidade pela proteção do clima, a saúde humana e a criação de emprego na região, se a própria empresa e o Governo sueco não estiverem dispostos a fazê-lo. Esta é uma oportunidade de transformar um negócio sem futuro baseado no carvão num exemplo para o mundo de como pode ser realizada a transição para as energias renováveis e a sustentabilidade.
A "declaração de interesse" inclui uma estimativa do verdadeiro valor de mercado das operações de lenhite da Vattenfall e descreve as intenções da Greenpeace Países Nórdicos para uma potencial aquisição.
A estimativa faz parte de uma análise realizada pelo Instituto Brainpool para a Energia, a pedido da Greenpeace Países Nórdicos. Esta análise mostra claramente que o alegado valor das operações de lenhite da Vattenfall anteriormente relatado nos meios de comunicação social foi muito subestimado. O valor líquido atual da Vattenfall, na região alemã da Lusatia, equivale a menos de meio milhar de milhão de euros.
O valor real de mercado também deve incluir os custos de reabilitação de minas a céu aberto e a demolição de centrais a carvão, bem como os custos de reestruturação, um passivo que ascende a mais de dois mil milhões de euros. Além disso, quando o valor real inclui todos os passivos ambientais e sociais, pode mesmo atingir o montante total de dezenas de milhar de milhões de euros.
Para além da Greenpeace Países Nórdicos, apenas as empresas checas EPH e CEZ da área da energia expressaram publicamente o seu interesse em adquirir a empresa Vattenfall. Para a Greenpeace, qualquer pessoa envolvida, seja vendedor ou comprador, que não toma em consideração o valor real de mercado na transação, incluindo os passivos ambientais e sociais, está a contar com a possibilidade de transferir estes custos, neste caso, muito provavelmente o Estado alemão e, em última instância, os seus cidadãos.
É urgentemente necessária uma ação enérgica sobre as alterações climáticas, e também as associações, como a Greenpeace, estão empenhadas em garantir que esse processo faz parte da solução e não um outro exemplo de fracasso político.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Líderes religiosos apelam para um acordo global em Paris
Esta semana, uma declaração assinada por mais de 150 líderes religiosos e espirituais de diferentes religiões foi entregue a Christiana Figueres, Secretária Executiva do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da Organização das Nações Unidas, num apelo para um acordo global de redução das emissões, justo, ambicioso, vinculativo e aplicável a todos os países a ser negociado ainda este ano, em Paris.
A carta sublinha a importância da COP21 ser o momento certo para traduzir gestão ecológica em ação climática concreta, mostrar responsabilidade intergeracional, garantir justiça climática, e para iniciar uma transformação individual e societal sem precedentes, bem como mostrar uma liderança real e visionária.
É um forte apelo para uma meta de longo prazo no sentido de eliminar progressivamente as emissões de GEE e integrar as energias renováveis a 100% até 2050, a criação de um mecanismo de ação e de um sistema baseado em regras, o estabelecimento de uma meta climática resiliente e com o apoio técnico e financeiro necessários. Mais, os líderes religiosos estão especificamente a pedir aos países mais ricos e aos principais emissores para assumirem mais ações no seu domínio e proporcionarem o apoio necessário para os outros países nesta transição.
Finalmente, os líderes religiosos sublinham a importância de que todos devem agir, em paralelo, com os governos, a fim de aumentar a consciencialização das comunidades e abraçar estilos de vida sustentáveis.
Depois da divulgação da encíclica Laudato Si' do Papa Francisco, da Declaração da Conferência Inter-religiosa de Nova Iorque, a Declaração de Lambeth e a Declaração Islâmica sobre alterações climáticas, a mensagem dos diferentes grupos religiosos e espirituais de todo o mundo é inequívoca em prol da ação climática.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Líderes europeus falham momento para pedir mais ação climática, apesar do impacto sobre a migração
Os líderes europeus reuniram-se na semana passada, em Bruxelas, para o último Conselho Europeu antes da cimeira de Paris, em Dezembro, mas perderam uma oportunidade para reforçar a posição da União Europeia (UE) para as negociações internacionais sobre o clima.
As associações de defesa do ambiente acusam os líderes europeus de negligenciar a urgência para a ação climática, porque não conseguiram enviar o sinal certo e necessário, quer para um acordo mais forte em Paris, quer para enfrentar os desafios da migração que possam surgir no futuro.
O Conselho Europeu não adotou quaisquer conclusões sobre a posição da UE para Paris, e muito menos fortaleceu a sua ambição. Isto, apesar do fato desta ser a última reunião dos chefes de Estado europeus antes da conferência.
Para as associações de defesa do ambiente, é lamentável que os líderes europeus não tratem a crise climática com a seriedade e a urgência que ela merece. O Conselho Europeu foi o momento oportuno para decidir sobre a forma como a UE vai aumentar a sua ambição na proposta do acordo de Paris.
A posição da UE ainda contém pontos cegos importantes, como por exemplo, os seus planos de aumentar as metas climáticas atuais consideradas inadequadas, e de fornecer a sua quota parte dos 100 biliões de dólares por ano em financiamento climático prometido, em 2020.
As associações de defesa do ambiente apelam para o fato de que, sem uma ação urgente e adequada sobre o clima, a vida das pessoas estará em risco muito elevado devido aos impactes climáticos. Isto irá aumentar o movimento de pessoas em busca de segurança e de uma vida melhor no futuro.
A atual crise de migração deve ser um alerta para combater as alterações climáticas de forma urgente. Se a UE quiser evitar o cenário de ter que lidar com sucessivas crises de refugiados, vai ser necessário aumentar a sua ação climática nos próximos cinco anos. Até 2020, as associações precisam de ver mais esforços para reduzir as emissões e mais dinheiro a fluir para os países mais pobres para ajudá-los a lidar com os impactes climáticos mais devastadores que motivam as pessoas a fugirem dos seus países de origem.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Os cidadãos e as alterações climáticas
No passado dia 6 de Junho teve lugar em cerca de 80 países espalhados pelos cinco continentes a iniciativa World Wide Views sobre Clima e Energia, que visou o envolvimento dos cidadãos dos diferentes países na discussão dos temas centrais das negociações para o futuro acordo de Paris, que se espera venha a ser alcançado em Dezembro deste ano. Em Portugal, o encontro teve lugar no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, responsável pela sua organização.
Os cerca de 100 cidadãos que participaram em cada país (que se procurou fossem representativos da diversidade sociodemográfica nacional) receberam informação sobre as diferentes temáticas em cima da mesa e as diferentes opções que podem ser seguidas, procurando garantir o equilíbrio e a imparcialidade dos argumentos apresentados.
E a mensagem é clara. Os cidadãos de todo o mundo querem ação por parte dos decisores políticos e dos diferentes stakeholders e defendem um acordo vinculativo. A preocupação com os impactos das alterações climáticas é elevada e impera a defesa de uma atitude de determinação e responsabilidade que envolva todos os países, mesmo que assumam respostas diferenciadas. Portugal surge como um dos países que exprime maior otimismo quanto à necessidade de tomar medidas, mesmo que difíceis, encarando-as como uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida.
A expectativa de que as mensagens dos cidadãos do mundo sejam ouvidas por quem tem responsabilidades no processo negocial é muito elevada, sendo esta uma oportunidade de ouro para que os políticos estabeleçam uma ponte com os cidadãos demonstrando-lhes que fazer política é, antes de qualquer outra coisa, governar para o bem comum. Os cidadãos estarão atentos.
Os resultados estão disponíveis aqui.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Juncker alerta: alterações climáticas podem piorar a crise de imigração na Europa
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, alertou recentemente para a absoluta necessidade de se chegar a um acordo climático ambicioso no final do ano, sublinhando que a subida da temperatura do planeta pode piorar a crise de imigração que a Europa enfrenta atualmente.
Em declarações no dia 9 de Setembro de manhã, Juncker referiu que 'não há tempo a perder' e que a União Europeia deverá lutar por um acordo ambicioso e não estar disposta a assinar qualquer documento.
Numa altura em que milhares de imigrantes entram na Europa vindos do Médio Oriente, despoletando uma crise entre Estados-membros sobre onde poderão ser acolhidos, Juncker alertou que o agravamento das consequências das alterações climáticas poderá piorar ainda esta situação e levar a mais levas de imigrantes que querem escapar a esses cenários.
"Estamos a atacar as causas profundas da próxima vaga de migrações nas próximas décadas", disse. "Porque amanhã de manhã, teremos 'refugiados ambientais' e não deveriamos ficar surpreendidos se os primeiros chegarem à Europa".
Juncker foi o último político a usar a crise de imigração para sublinhar a necessidade de ação climática. No início da semana, já o presidente francês François Hollande estabeleceu essa correlação, afirmando mesmo que "Nós não teremos centenas de milhares de refugiados nos próximos 20 ou 30 anos, mas sim milhões".
Adaptado deste artigo.
Imagem: http://i.telegraph.co.uk