As negociações na COP de Paris começam hoje!
Ainda antes da abertura oficial da COP21 em Paris e enquanto cidadãos de todo o mundo sairam à rua a exigir mais ambição dos governantes, os delegados das Partes estarão reunidos na primeira reunião que se espera culminará no esperado Acordo de Paris, já hoje às 17 horas de Paris (16 horas de Lisboa).
A Quercus e outras organizações não governamentais enviaram uma carta aberta aos Delegados das Partes para que demonstrem vontade política e para que seja possível conseguir um acordo ambicioso e juridicamente vinculativo que permitirá limitar o aquecimento global entre os 1,5°C - 2ºC.
Os principais pontos desta carta são:
- Ambição e adoção de compromissos vinculativos por um ciclo de 5 anos para a mitigação, a fim de rever periodicamente as Contribuições Nacionais Determinadas (INDC, da sigla em inglês) para evitar um bloqueio de baixa ambição até 2030. Esses ciclos devem também ser complementados por requisitos claros e dinâmicos que obriguem os países a ampliarem continuamente o nível da sua ambição.
- Concordância com um objetivo ambicioso de longo prazo e comprometer-se com uma meta de descarbonização até 2050, abrindo o caminho para uma transição progressiva dos combustíveis fosseis para as energias renováveis.
- Adotação de uma abordagem centrada no respeito pelos direitos humanos para elaborar as políticas climáticas, para evitar, por exemplo, os impactos negativos associados com os projetos elaborados pelos mecanismos financeiros estabelecidos pela Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
- Rejeição do conceito de créditos internacionais de compensação de carbono no futuro acordo de Paris pós-2020. Os países industrializados devem contribuir na luta contra as alterações climáticas pela aplicação de medidas no próprio território nacional.
- Fornecimento um apoio financeiro suficiente para ajudar os países em vias de desenvolvimento a implementarem ações climáticas e um apoio financeiro adicional para enfrentarem as perdas e prejuízos delas consequentes.
- Estabelecimento de regras objetivas de elegibilidade para usar os mecanismos de mercado e, também, princípios-chave para garantir a integridade ambiental dos mercados de carbono, tais como não apoiar mecanismos de dupla contagem, ou ainda, o principio de complementaridade.
- Assegurar a integração efetiva dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU, na ação climática, incluindo, nomeadamente, os critérios obrigatórios para a avaliação, comunicação e verificação dos benefícios relacionados com a sustentabilidade, e excluindo os projetos que sustentam tecnologias e práticas com elevados custos sociais e ambientais, tais como o uso de combustíveis fósseis, energia nuclear, ou ainda, grandes barragens hidroelétricas.
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2 comentários
De humberto a 30.11.2015 às 00:44
Não esquecer que esse "limitar o aquecimento global entre os 1,5°C - 2ºC" se refere a temperaturas desde a era pré-industrial que, coincidência das coincidências, foi um era sujeita à Pequena Idade do Gelo que terminou em 1850, precisamente o ano em que se verificou um dos mais baixos mínimos de temperatura da Pequena Idade do Gelo.
Não me parece nada de extraordinário que o mundo aqueça esse 1,5°C a 2ºC desde a era pré-industrial (a tal da Pequena Idade do Gelo - altura em que fazia muito frio na Europa e América do Norte) até ao fim deste século.
E no entanto insistem que o CO2 é que é o culpado do Aquecimento global!
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«Os principais pontos desta carta são:
- Ambição e adoção de compromissos vinculativos por um ciclo de 5 anos para a mitigação, a fim de rever periodicamente as Contribuições Nacionais Determinadas (INDC, da sigla em inglês) para evitar um bloqueio de baixa ambição até 2030. Esses ciclos devem também ser complementados por requisitos claros e dinâmicos que obriguem os países a ampliarem continuamente o nível da sua ambição.»
Ou seja, manter os países mais pobres debaixo de olho não vão eles ter o desplante de (por motivos de força maior como cuidar das suas populações) se desleixarem nas metas que agora lhes irão ser impostas.
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«- Concordância com um objetivo ambicioso de longo prazo e comprometer-se com uma meta de descarbonização até 2050, abrindo o caminho para uma transição progressiva dos combustíveis fosseis para as energias renováveis.»
Dando o exemplo de Portugal, são estas tais energias renováveis que, apesar de contribuírem apenas com 20 a 30% da electricidade total cá produzida, contribuem já para um aumento de cerca de 50% no valor que nos é cobrado na factura da electricidade.
Aonde iria parar o valor cobrado nas facturas de electricidade se toda a electricidade fosse produzida por estas fontes de energias? Quem teria dinheiro para se aquecer no Inverno? Só os ricos?
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«- Adotação de uma abordagem centrada no respeito pelos direitos humanos para elaborar as políticas climáticas, para evitar, por exemplo, os impactos negativos associados com os projetos elaborados pelos mecanismos financeiros estabelecidos pela Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.»
Não me parece que o respeito pelos direitos humanos esteja sequer a ser tido em conta uma vez que com toda esta política climática estão a negar aos países mais pobres o mesmo direito ao desenvolvimento económico e social que os países ricos tiveram durante todo o século 20 graças aos combustíveis fósseis.
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«- Rejeição do conceito de créditos internacionais de compensação de carbono no futuro acordo de Paris pós-2020. Os países industrializados devem contribuir na luta contra as alterações climáticas pela aplicação de medidas no próprio território nacional.»
Hmmm... não digam que estão a admitir que os países ricos em nada têm contribuído para essa vossa luta contra as "alterações climáticas"?!
Sempre os países pobres a arcarem com as consequências das acções dos ricos!!!
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«- Fornecimento um apoio financeiro suficiente para ajudar os países em vias de desenvolvimento a implementarem ações climáticas e um apoio financeiro adicional para enfrentarem as perdas e prejuízos delas consequentes.»
Para bom entendedor, algo deste género se passará:
'Nós países ricos iremos ajudar-vos mas só nas nossas condições e sem qualquer negociação. Se afinal as nossas condições vos forem prejudiciais... depois logo vos damos uma qualquer compensação.'
E eu que sempre pensei que o melhor era sempre fazer as coisas bem logo desde o início!
De humberto a 30.11.2015 às 00:48
«- Estabelecimento de regras objetivas de elegibilidade para usar os mecanismos de mercado e, também, princípios-chave para garantir a integridade ambiental dos mercados de carbono, tais como não apoiar mecanismos de dupla contagem, ou ainda, o principio de complementaridade.»
Mercados de carbono, a maior aberração que alguma vez poderiam ter criado!
O quase santo padroeiro dos ambientalistas, Al Gore, não se coibiu de de aumentar a sua fortuna à custa deste mercado!
Talvez o grande feito do mercado de carbono tenha sido mesmo aumentar as fortunas de certas pessoas...
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´«- Assegurar a integração efetiva dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU, na ação climática, incluindo, nomeadamente, os critérios obrigatórios para a avaliação, comunicação e verificação dos benefícios relacionados com a sustentabilidade, e excluindo os projetos que sustentam tecnologias e práticas com elevados custos sociais e ambientais, tais como o uso de combustíveis fósseis, energia nuclear, ou ainda, grandes barragens hidroelétricas.»
De realçar que aquilo que consideram ser "tecnologias e práticas com elevados custos sociais e ambientais" são exactamente as "tecnologias e práticas" que permitem a produção da electricidade mais barata actualmente disponível e que permitiu todo o desenvolvimento verificado nos países ricos desde o início do século 20.
Mas não satisfeitos com o progresso civilizacional destes países e de que confortavelmente desfrutam querem estes ambientalistas indiscriminadamente impor a todas as pessoas do mundo as suas soluções muito mais caras e cuja eficácia no combate às ditas "alterações climáticas" é nula.
Não esqueçamos ainda que as centrais eólicas e solares (as renováveis do momento) dependem da vontade do Sol e do vento. São centrais de produção intermitente de electricidade que precisam obrigatoriamente do apoio das centrais que estes ambientalistas tanto condenam, para um fornecimento estável de electricidade ao consumidor.
Não fosse o apoio à produção actualmente dado às centrais eólicas e solares por centrais eléctricas tradicionais rapidamente teriam toda a população a reclamar de múltiplas avarias nos seus electrodomésticos devido à flutuação da electricidade.