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Bioenergia e CCS: solução ou ilusão para a crise climática?

Terça-feira, 12.01.16

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Um estudo recentemente divulgado pela organização internacional Biofuelwatch, analisa a literatura científica e outras evidências relacionadas com possíveis investimentos e as políticas pertinentes sobre a BECCS. Esta tecnologia combina o uso de bioenergia com a captura e armazenamento de carbono (CCS, da sigla em inglês).

Consiste, na prática, na captura de CO2 emitido em instalações de produção de biocombustíveis ou centrais de biomassa, e no enchimento forçado em formações geológicas. A ideia é baseada na suposição que a bioenergia, em grande escala, poderia ser neutra em carbono, ou pelo menos teria baixas emissões de carbono, e que o armazenamento de todo ou, pelo menos, parte do CO2 emitido nos processos de produção de energia ou refinação, poderia reduzir os níveis de carbono.

Agência Internacional de Energia (AIE) define a BECCS como “uma tecnologia capaz de reduzir emissões de carbono e que oferece a remoção líquida permanente de CO2 da atmosfera.” Vários estudos sugerem que a BECCS poderia, no futuro, remover tanto como 10 mil milhões de toneladas de CO2 por ano. Esta ideia ganhou proeminência desde que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês) publicou o seu mais recente 5º Relatório de Avaliação, em 2014.

A maior parte dos modelos considerados pelo IPCC sugere que manter o aumento da temperatura média global abaixo do limite internacionalmente assumido de 2ºC só será possível com a BECCS, em conjunto com reduções rápidas das emissões de gases com efeito de estufa (GEE). É verdade que a urgência da crise climática exige a redução drástica das emissões de GEE, bem como a exploração de meios credíveis para a remoção de parte do CO2 na atmosfera. Mas a questão é se a BECCS, hoje ou no futuro, poderia ser um meio credível de retirar CO2 da atmosfera.

Para que isso seja possível, existem três condições que precisam de ser cumpridas: em primeiro lugar, seria necessário mostrar que as emissões totais de GEE associadas com o cultivo, remoção, transporte e processamento de biomassa para fins energéticos poderiam ser mantidas a um nível mínimo, e que a bioenergia de baixas emissões de carbono poderia ser ampliada significativamente. Em segundo lugar, as tecnologias necessárias teriam de ser viáveis técnica e economicamente, e não apenas em pequenos projetos-piloto, mas numa escala comercial significativa. E, finalmente, o armazenamento seguro de longo prazo de CO2 teria de ser comprovado.

 

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publicado por Quercus às 11:35