Coligação internacional apela para o fim dos subsídios sobre biocombustíveis e biomassa
Uma coligação de organizações ambientais fez um forte apelo à União Europeia (UE) para excluir a bioenergia da revisão da Diretiva sobre as Energias Renováveis, e, assim, pôr fim aos subsídios atribuídos direta ou indiretamente para algumas energias renováveis, como os biocombustíveis e a biomassa. As associações publicaram um documento onde abordam os impactos das políticas que envolvem a bioenergia na UE, e tem como alvo decisores políticos.
O Comissário para a Energia e Clima, Miguel Arias Cañete, tem defendido que a contribuição da UE para a redução de emissões é "a mais ambiciosa apresentada até à data". No entanto, a meta de redução de emissões da UE é construída tendo por base falsos pressupostos, como a bioenergia em larga escala ser considerada como inerentemente “neutra” em emissões de carbono ou de baixo carbono, e que os mercados de carbono podem tratar eficazmente estas emissões.
Cada vez mais as evidências mostram que, quando a bioenergia é produzida e utilizada em larga escala, ela tende a aumentar em vez de diminuir as emissões de carbono, por comparação com os combustíveis fósseis. Através de incentivos para a produção de bioenergia em larga escala, a UE continua a usar as falhas de contabilidade de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) da UNFCCC, em que as emissões associadas com as alterações de uso dos solos e da degradação das florestas deveriam ser contabilizados pelos países onde estes impactos ocorrem, o que significa que os biocombustíveis e pellets de madeira importados para a UE são falsamente classificados como neutros em emissões de carbono.
A bioenergia foi responsável por dois terços de toda a energia renovável na UE em 2012, mas a coligação de associações afirma que a produção de bioenergia em larga escala não está em conformidade com a definição de energia renovável. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a energia renovável é a "energia derivada de processos naturais (por exemplo, a luz solar e vento), reposta a um ritmo mais rápido do que aquele que é consumido".
Na realidade, a bioenergia está associada com a expansão massiva da agricultura e silvicultura, de modo intensivo, sobretudo monoculturas, as quais têm impactos significativos na depleção e contaminação de solos e recursos hídricos, destruição de ecossistemas naturais e da biodiversidade, e afetação do modo de vida sustentável das comunidades locais, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. A UE não pode reduzir emissões pelo uso intensivo de bioenergia à custa da exploração de solos, florestas e recursos hídricos em outros países onde ela é produzida.
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1 comentário
De Humberto a 26.09.2015 às 10:12
Claro, não é novidade nenhuma. A insistência tem sido pelas energias eólica e solar.
Já não se contentam simplesmente com energias renováveis. Agora há energias renováveis de primeira e energias renováveis de segunda.
As organizações ambientais quando se metem em assuntos que as ultrapassam depressa começam a meter os pés pelas mãos e a mudar de opinião ao sabor dos ventos.
As energias renováveis de ontem que tanto apoio receberam destas organizações já não servem mais.
Faz lembrar uma hipotética conversa de doidos:
Doido 1 - São renováveis?
Doido 2 - São.
Doido 1 - Então servem?
Doido 2 - Não.
Doido 1 - Porquê?
Doido 2 - Porque não.
«a meta de redução de emissões da UE é construída tendo por base falsos pressupostos, como a bioenergia em larga escala ser considerada como inerentemente “neutra” em emissões de carbono ou de baixo carbono»
O que ontem era louvado hoje é um "falso pressuposto".
As verdades de ontem já não servem para hoje. Que bela evolução de pensamento!
«a UE continua a usar as falhas de contabilidade de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) da UNFCCC, em que as emissões associadas com as alterações de uso dos solos e da degradação das florestas deveriam ser contabilizados»
Ai! Como é? Ora esta!
Então a degradação das florestas, coisa exclusivamente natural, da responsabilidade da natureza e essencial ao ciclo de vida da flora e fauna das florestas... para esta gente já conta como emissões a contabilizar e englobar nas que têm origem humana? Será que esta gente não tem noção do ridículo?
Já agora, porque não incluir as emissões da actividade vulcânica? Se começam a querer incluir emissões naturais... então há muito por onde escolher.
Aqui está um excelente exemplo do radicalismo a que certas pessoas chegam. Já era altura de as pôr num canto e dizer-lhes bem alto e muito claramente: "Basta! Fora daqui!"
E a quercus, também faz parte desta coligação?