Criado Grupo de Alto Nível em matéria de interconexões no Sudoeste da Europa
A Comissão Europeia, França, Portugal e Espanha assinaram, no passado dia 30 de junho, em Paris, um Memorando de Entendimento sobre a criação de um Grupo de Alto Nível em matéria de interconexões no Sudoeste da Europa.
O documento foi assinado pela Ministra da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável e da Energia da República Francesa, Ségolène Royal, pelo Ministro da Indústria, da Energia e do Turismo de Espanha, José Manuel Soria, pelo Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e da Energia da República Portuguesa, Jorge Moreira da Silva, e pelo Comissário do Clima e Energia Miguel Arias Cañete.
Este Grupo irá elaborar um plano para a implementação da Declaração de Madrid, assinada a 4 de Março, entre estes três países e a Comissão Europeia, que representa o primeiro resultado concreto da União da Energia através do reforço da cooperação regional.
Para o Comissário Miguel Arias Cañete “um mercado integrado e interligado é um pré-requisito para uma União da Energia plenamente funcional que garanta aos cidadãos e empresas europeus energia segura, acessível e sustentável. Este Memorando de Entendimento representa um passo significativo no sentido de integrar a Península Ibérica no mercado energético da União Europeia e contribuirá para assegurar que a energia pode 'fluir' livremente além-fronteiras europeias".
Memorando de Entendimento em português:
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1 comentário
De Humberto a 03.07.2015 às 12:24
Andou Portugal a ameaçar boicotar votações por não ter como exportar para fora da Península Ibérica a energia eléctrica excedentária que produz e aqui tem... um Memorando de Entendimento, uma espécie de rebuçadinho e uma palmadinha amigável no topo da cabeça como se faz aos miúdos.
Pois, um memorando de entendimento... não, não é um acordo de cooperação ou algo que o valha... é um memorando de entendimento, assim uma coisa como que um papel assinado para não se esquecerem de que têm a intenção de fazer algo daqui a uns anos.
E isto por causa da energia eléctrica excedentária que Portugal produz. Sim, é mesmo verdade... Portugal produz electricidade a mais e não tem como exportá-la para a Europa, isto é, para lá de França.
Andaram a plantar ventoinhas por tudo quanto era monte, a construir centrais de biomassa até ao ponto em que as empresas portuguesas de mobiliário tiveram de passar a importar madeira (sim, do estrangeiro) para poderem laborar e mais uns quantos painéis fotovoltaicos por aí espalhados e sem esquecer a electricidade produzida por cidadãos nas suas alegres casinhas e obrigatoriamente vendida à rede eléctrica nacional igualmente a alto preço (à semelhança dos outros métodos) e... e o que aconteceu?
Aconteceu que o custo da electricidade passou "magicamente" para o dobro (se não mais) com os chamados sobrecustos.
Mas aconteceu algo mais que poucos parecem saber, esta electricidade produzida em excesso, sobretudo à noite (como é óbvio pois a dormir ou gastamos menos ou muito menos do que durante o dia) tem tido Espanha como destino mas a custo zero. Isto é, andamos há vários anos a oferecer electricidade a Espanha e nós aqui a pagá-la ao dobro do que devíamos pagar se não fosse toda essa loucura do aproveitamento da energia eólica e outras que tais que tão caras nos têm ficado.
E pensar que ainda há (por cá) quem queira construir mais centrais hidroeléctricas, que é como quem diz... barragens, ora claro, para armazenar na forma de água toda essa energia que temos andado a oferecer a Espanha.
Novas barragens para que nas horas de vazio fosse bombeada água lá para o topo da barragem como forma de armazenar a energia eólica abundantemente produzida nas horas em que não há consumo, como se isso não fosse outra exorbitância que depressa seria mais uma vez reflectida no preço da electricidade fazendo-nos pagar ainda mais por ela.
E nós, os do lado de cá da fronteira, únicos verdadeiros interessados nessa interconexão energética, estando já o mal feito com uma política energética errada que só nos foi aos bolsos, lá temos de nos contentar com um memorando na esperança de que, daqui por alguns anos, Espanha e França nos deixem exportar para o resto da Europa a electricidade que produzimos em excesso.