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Metas de redução de GEE em vigor farão temperatura global subir até 3,4ºC em 2100

Quinta-feira, 03.11.16

A um dia de entrar em vigor o Acordo de Paris, Quercus reforça o alerta

Relatório da ONU divulgado hoje alerta que é preciso um corte adicional de 25% nas emissões de GEE para 2030

emissions gap report 2016.png

 

É preciso incrementar urgentemente o nível de ambição dos objetivos de redução de gases com efeito de estufa (GEE) para ser possível manter o aquecimento global do planeta abaixo dos 2ºC (idealmente 1,5ºC), face aos níveis pré-industriais.

De acordo com a comunidade científica, para que isso seja possível, o limite máximo de emissões a registar-se em 2030 teria de estabilizar nas 42 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) como principal GEE. Estas são algumas conclusões do ‘Emissions Gap Report 2016’, hoje divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA).

Reforçando os apelos que têm vindo a ser veiculados pelos movimentos ambientalistas, e que a Quercus também divulgou no início desta semana, este relatório vem demonstrar que as metas de redução das emissões atualmente assumidas pelos governos conduzirão o planeta por uma rota perigosa de aquecimento da temperatura média global, que ultrapassa os limites de segurança a partir dos quais não será possível evitar as consequências mais graves das alterações climáticas.

Com as atuais metas de redução, as emissões de CO2 atingirão em 2030 valores entre as 54 e as 56 gigatoneladas. Como termo de comparação, 1 gigatonelada é o equivalente às emissões anuais do setor dos transportes de toda a União Europeia, incluindo a aviação. Este cenário significaria um aumento da temperatura entre os 2,9oC e os 3,4oC, muito acima do limite traçado pelo Acordo de Paris, que entra em vigor amanhã, 4 de novembro.

O relatório do PNUMA acrescenta ainda que, caso se leve demasiado tempo a rever as metas atuais de redução de GEE e aumentar os níveis de ambição, poderá perder-se mesmo a oportunidade de alcançar o objetivo dos 1,5ºC, aumentando também os custos associados à transição para uma economia de baixo carbono.  

Nesse sentido, é ‘urgente’ cortar em mais 25% as emissões previstas para 2030.


A Quercus, enquanto membro da Rede Europeia para a Ação Climática, relembra que a União Europeia (UE) desempenha um papel importante no alavancar deste esforço adicional. Para impulsionar a ação climática antes de 2020, a UE precisa de cancelar o excesso de licenças de emissão - mais de 3 mil milhões - que terá acumulado até 2020, no âmbito do Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE).

De acordo com a proposta em cima da mesa para a revisão da Diretiva que regulamenta o RCLE-UE, essas licenças poderão vir ser usadas no período pós-2020 para baixar o nível de ambição das metas de redução de emissões de GEE para 2030.

O ‘Emissions Gap Report’ está disponível em: http://web.unep.org/emissionsgap/

As expectativas da Quercus para a COP22: http://climaticas.blogs.sapo.pt/quercus-exige-mais-ambicao-aos-69066


Quercus em Marraquexe já na próxima semana

A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), estará presente em Marraquexe a partir da próxima semana e até ao final da COP22, integrada na delegação oficial portuguesa e como representante das organizações não-governamentais portuguesas de ambiente e da sociedade civil.

 

Lisboa, 3 de novembro de 2016,

A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza

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publicado por Quercus às 19:07