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O que quer que aconteça em Paris: 4 razões para que o futuro seja baseado em energia renovável

Quinta-feira, 19.11.15

Mais de 60 ministros do ambiente reuniram-se na semana passada em Paris para moldar o resultado das negociações climáticas para um novo acordo global, a definir em Paris. Independentemente do texto que vier a constar do acordo final, está claro que o futuro baseado em baixas emissões de carbono será alimentado por energia renovável.

Eis as razões:

1. É o único caminho a seguir: O ano de 2015 será recordado como o ano mais quente registado da história e a dinâmica é construir o caminho para enfrentar as alterações climáticas. Os países que representam 90 por cento das emissões globais de CO2 já apresentaram os seus planos de ação climática antes das negociações de Paris, mas há uma diferença entre o que os governos se comprometeram a fazer e o que precisa de ser feito para limitar o aumento de temperatura global abaixo dos 2°C. O setor da energia é responsável por cerca de dois terços das emissões globais. O uso de fontes de energia renovável e o aumento da eficiência energética são os únicos caminhos tecnológicos que podem ser implantados de forma rápida e em escala suficiente para colmatar esta lacuna no tempo.

2. É a opção de menor custo: As energias renováveis ​​são (e continuarão a ser) as fontes mais acessíveis de energia em muitas partes do mundo. Desde a conferência do clima em Copenhaga, em 2009, os custos dos painéis solares fotovoltaicos caíram abruptamente 75 por cento. A energia eólica onshore (em terra) é agora uma das fontes mais competitivas de energia elétrica disponíveis com alguns projetos a produzir energia elétrica a um preço tão baixo quanto 5 cêntimos de dólar por cada quilowatt-hora. A energia de biomassa, geotérmica, hídrica e eólica onshore são competitivas, em termos de custos, com o carvão, gás e petróleo, mesmo na ausência de incentivos financeiros e apesar da queda dos preços do petróleo. Em contraste, a exploração de combustíveis fósseis está a tornar-se mais difícil e cara, e traz custos externos associados com a poluição e a saúde, os quais estão a ser cada vez mais tidos em consideração. Quando se contabiliza o custo da poluição, incluindo problemas de saúde, degradação ambiental e as emissões de CO2, a duplicação da quota global de energias renováveis ​​resultaria numa economia anual de, pelo menos, 740 mil milhões de dólares até 2030.

3. Cumpre outros objetivos ao longo do caminho: A energia renovável é a forma mais rápida e segura para fornecer serviços energéticos modernos a mais de um bilião de pessoas que atualmente não têm acesso a energia elétrica. Soluções off-grid (não ligadas à rede) baseados em energias renováveis podem responder à maioria - cerca de 60 por cento - das necessidades de procura de energia. As Ilhas Marshall, por exemplo, investiram em energias limpas em mais de 95 por cento das comunidades insulares em zonas remotas, graças à instalação de sistemas solares fotovoltaicos autónomos. No Bangladesh, o programa de sistema solar doméstico incluiu a implantação de 3,6 milhões de unidades que beneficiaram mais de 20 milhões de pessoas. Para além do fácil acesso, a energia renovável também gera empregos, reduz significativamente a poluição do ar e aumenta o crescimento do Produto Interno Bruto por meio da redução de custos, desenvolvimento de indústrias nacionais e criação de valor local.

4. A transformação já está em andamento: As energias renováveis são responsáveis por mais da metade da nova capacidade de produção de energia, ao nível global, desde 2011. Mais de 130 países já se comprometeram com uma meta de descarbonização de longo prazo. Empresas como a IKEA, a Johnson&Johnson, a H&M, a Nike e a Nestlé juntaram-se à iniciativa RE 100, empenhadas para cumprir o objetivo de 100% renovável. E novos compromissos são anunciados dia a dia.

Todas estas ações têm uma coisa em comum: as decisões foram tomadas porque as energias renováveis beneficiam ​​não só o clima global, mas também a economia, o mercado de trabalho e as pessoas. Estas são razões que explicam porque as energias renováveis ​​são agora a segunda maior fonte de energia elétrica a nível global, depois do carvão - à frente do gás, do petróleo e da energia nuclear.

Não se trata mais da questão 'se' o mundo vai fazer a transição para um futuro baseado em energia renovável, mas sim se o mundo irá fazê-lo suficientemente rápido. As escolhas que faremos sobre opções energéticas nos próximos anos vai determinar se somos capazes de fechar a lacuna das emissões, e ao fazê-lo, se seremos capazes de tornar o clima mais seguro e habitável onde as gerações futuras possam prosperar.

Em dezembro, pela primeira vez em qualquer conferência climática organizada pela Nações Unidas, as soluções de energia renovável terão um papel central. Durante uma série de eventos e negociações políticas ao mais alto nível, a opção pelas energias renováveis ​​será apresentada como a mais rápida, mais limpa, mais segura e economicamente mais benéfica para satisfazer os objetivos climáticos assumidos.

O que quer que seja o resultado das negociações de Paris, uma coisa é certa: o futuro pertence às energias renováveis.

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publicado por Quercus às 11:18


2 comentários

De humberto a 22.11.2015 às 14:55

«Mais de 60 ministros do ambiente reuniram-se na semana passada em Paris para moldar o resultado das negociações climáticas para um novo acordo global, a definir em Paris. Independentemente do texto que vier a constar do acordo final, está claro que o futuro baseado em baixas emissões de carbono será alimentado por energia renovável.

Eis as razões:

1. É o único caminho a seguir:»


Isso está, como é óbvio, muito longe da verdade.


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«O ano de 2015 será recordado como o ano mais quente registado da história»


Isso, simplesmente, não é verdade.

Aqui têm, novamente para vosso proveito, o gráfico actualizado com dados de temperatura global desde 1979 até Outubro deste ano (2015):

http://www.drroyspencer.com/wp-content/uploads/UAH_LT_1979_thru_October_2015_v6.png

O gráfico mostra, muito claramente, que 1998, 2002 e 2010 foram anos mais quentes do que 2015 está a ser até ao momento.


Não é por repetirem muitas vezes a mesma aldrabice que esta se torna verdade!



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«2. É a opção de menor custo:»


Outra aldrabice. Os consumidores bem têm sentido o aumento do custo da electricidade verificado nos últimos anos devido a estas energias.


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« As energias renováveis são (e continuarão a ser) as fontes mais acessíveis de energia em muitas partes do mundo.»


Compreende-se que a eólica e solar sejam, por esse mundo fora, as únicas energias possíveis em pequenas povoações remotas e bem longe da civilização e apenas enquanto não for possível melhor alternativa mas mesmo aí há um elevado custo para as instalarem e no final apenas fornecem electricidade para gastos básicos.


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«Desde a conferência do clima em Copenhaga, em 2009, os custos dos painéis solares fotovoltaicos caíram abruptamente 75 por cento.


E, no entanto, a AIE no seu relatório (de que vocês deram conta no vosso texto anterior) prevê uma redução do custo da energia solar em apenas 40% e da eólica nuns míseros 15% até 2040.


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« A energia eólica onshore (em terra) é agora uma das fontes mais competitivas de energia elétrica disponíveis com alguns projetos a produzir energia elétrica a um preço tão baixo quanto 5 cêntimos de dólar por cada quilowatt-hora.»


E eu sou o Pai Natal!


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« A energia de biomassa, geotérmica, hídrica e eólica onshore são competitivas, em termos de custos, com o carvão, gás e petróleo, mesmo na ausência de incentivos financeiros e apesar da queda dos preços do petróleo.»


Não acham que estão a abusar ainda mais do que o normal com comparações dessas?

E a meterem as energias renováveis tradicionais no mesmo saco da eólica?!

A energia eólica (ou mesmo a solar) competitiva? Só mesmo em sonhos! Se a eólica fosse competitiva não precisariam de nos cobrar os "custos de interesse económico geral que decorrem de medidas de política energética" que todos os meses aumentam o valor a pagar pela electricidade.


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« Em contraste, a exploração de combustíveis fósseis está a tornar-se mais difícil e cara,»


Todos os anos novas tecnologias conseguem superar novas dificuldades encontradas na sua extracção. E como temos visto ultimamente se os preços dos combustíveis fósseis aumentam isso deve-se muito mais à especulação do que propriamente ao aumento do custo de extracção.


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« e traz custos externos associados com a poluição e a saúde, os quais estão a ser cada vez mais tidos em consideração.»


Bastaria uma ínfima parte dos custos acrescidos com as energias eólica e solar para que o combate à poluição fosse muito mais eficaz o que traria óbvios benefícios à nossa saúde.


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« Quando se contabiliza o custo da poluição, incluindo problemas de saúde, degradação ambiental e as emissões de CO2, a duplicação da quota global de energias renováveis resultaria numa economia anual de, pelo menos, 740 mil milhões de dólares até 2030.»


Mera propaganda que esconde os custos muito maiores que estas "novas" energias renováveis têm.


De humberto a 22.11.2015 às 15:01

(continuação...)

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«3. (...): A energia renovável é a forma mais rápida e segura para fornecer serviços energéticos modernos a mais de um bilião de pessoas que atualmente não têm acesso a energia elétrica. Soluções off-grid (não ligadas à rede) baseados em energias renováveis podem responder à maioria - cerca de 60 por cento - das necessidades de procura de energia. As Ilhas Marshall, por exemplo, investiram em energias limpas em mais de 95 por cento das comunidades insulares em zonas remotas, graças à instalação de sistemas solares fotovoltaicos autónomos. No Bangladesh, o programa de sistema solar doméstico incluiu a implantação de 3,6 milhões de unidades que beneficiaram mais de 20 milhões de pessoas. Para além do fácil acesso,»


Pode ser uma forma muito mais rápida de fornecer electricidade a povoações isoladas mas muitas já terão muita sorte se conseguirem que os painéis solares ou os moinhos de vento lhes permitam ter electricidade durante mais de 10 ou 15 horas por dia.


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« a energia renovável também gera empregos, reduz significativamente a poluição do ar e aumenta o crescimento do Produto Interno Bruto por meio da redução de custos,»


E voltamos ao mesmo: como podem estas energias reduzir o custo se são elas próprias que introduzem ao sector industrial um custo acrescido no valor a pagar pela electricidade diminuindo-lhes a competitividade?

Não esqueçamos os "custos de interesse económico geral que decorrem de medidas de política energética" que vêm incluídos na factura da electricidade.


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«desenvolvimento de indústrias nacionais e criação de valor local.

4. A transformação já está em andamento: As energias renováveis são responsáveis por mais da metade da nova capacidade de produção de energia, ao nível global, desde 2011. Mais de 130 países já se comprometeram com uma meta de descarbonização de longo prazo. Empresas como a IKEA, a Johnson&Johnson, a H&M, a Nike e a Nestlé juntaram-se à iniciativa RE 100, empenhadas para cumprir o objetivo de 100% renovável. E novos compromissos são anunciados dia a dia.»


De admirar seria que certas empresas, com objectivos publicitários, não recorressem ao politicamente correcto para caírem nas boas graças dos consumidores menos atentos.


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«Todas estas ações têm uma coisa em comum: as decisões foram tomadas porque as energias renováveis beneficiam não só o clima global,»


Tretas!


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«mas também a economia,»


Tretas!


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« o mercado de trabalho»


Tretas!


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« e as pessoas.»


E mais tretas!


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« Estas são razões que explicam porque as energias renováveis são agora a segunda maior fonte de energia elétrica a nível global, depois do carvão - à frente do gás, do petróleo e da energia nuclear.»


As energias renováveis ocupam o segundo lugar porque existem energias renováveis e energias não renováveis. Como as energias não renováveis lideram claro que as energias renováveis têm de estar no lugar que sobra, o segundo lugar.


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Não se trata mais da questão 'se' o mundo vai fazer a transição para um futuro baseado em energia renovável, mas sim se o mundo irá fazê-lo suficientemente rápido.»


Que o mundo irá fazer uma transição para um outro tipo de energia disso não há dúvida mas tudo a seu tempo. Ainda irá demorar várias décadas até que fontes de energia verdadeiramente sustentáveis e baratas estejam ao alcance.


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« As escolhas que faremos sobre opções energéticas nos próximos anos vai determinar se somos capazes de fechar a lacuna das emissões, e ao fazê-lo, se seremos capazes de tornar o clima mais seguro e habitável onde as gerações futuras possam prosperar.»


E ainda mais tretas!


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«Em dezembro, pela primeira vez em qualquer conferência climática organizada pela Nações Unidas, as soluções de energia renovável terão um papel central. Durante uma série de eventos e negociações políticas ao mais alto nível, a opção pelas energias renováveis será apresentada como a mais rápida, mais limpa, mais segura e economicamente mais benéfica para satisfazer os objetivos climáticos assumidos.»


E ainda mais tretas!


´´
«O que quer que seja o resultado das negociações de Paris, uma coisa é certa: o futuro pertence às energias renováveis.»


Sim, mas não a estas.

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