Resultados do Conselho Europeu de Ambiente (18/Setembro)
Os Ministros do Ambiente da União Europeia aprovaram na passada sexta-feira, dia 18 de setembro, o mandato da União Europeia para a Conferência de Paris em Dezembro. As conclusões do Conselho adotadas estão disponíveis aqui.
O documento inclui alguns elementos positivos para o Acordo de Paris, mas não esclarece devidamente o que a UE está disposta a fazer no período pré-2020, incluindo também a revisão da sua própria contribuição (INDC).
A discussão mais desafiante foi sobre o objetivo de longo prazo (principalmente por causa da Polónia). O documento repete compromissos antigos, com a adição de que a Europa depende que as emissões de todos os gases de efeito estufa precisam de ser perto de zero até 2100.
Em suma, a posição europeia afirma que:
- o protocolo tem de ser juridicamente vinculativo;
- deve ter metas quantificáveis;
- os objetivos de longo prazo deverão ser: -50% de 1990 até 2050 e zero ou abaixo até 2100; a União Europeia acolhe favoravelmente a declaração dos G7, a neutralidade climática sustentável e necessidade de resiliência do clima na segunda metade do século
- necessidade de regras de contabilidade comum, transparência, cumprimento, etc.
- conter um mecanismo de mitigação/ambição quinquenal dinâmico em que todas as Partes devem ser obrigadas a apresentar compromissos novos ou atualizados, sem se recuar para os anteriores níveis de compromisso, ou reenviar os já existentes
- a adaptação deverá ser uma parte central do Acordo de Paris, com todas as partes a planear, preparar e responder aos impactos adversos e a contribuírem na assistência a todos, especialmente aos países pobres
- o uso de mercados sujeitos a regras de contabilidade comuns robustos que garantam integridade ambiental e em que a dupla contagem seja evitada
- o trabalho de compromissos pré-2020 deve continuar depois de Paris e deve ser ligado a eventos políticos de alto nível
- a avaliação de oportunidades de mitigação deve continuar para além de 2020 para servir como entrada para processar e elevar a ambição global do acordo de Paris ao longo do tempo
- defende um programa de trabalho de dois anos para finalizar regras
- o Acordo deve abordar as emissões em todos os sectores, devendo a contabilidade e elaboração de relatórios de emissões permanecer sob a égide da UNFCCC,
- IMO, ICAO e do Protocolo de Montreal devem regulamentar o mais cedo possível de forma eficaz e em conformidade com o a meta de 2 ° C
Os aspetos relativos a finanças foram apenas ligeiramente tocados num parágrafo, porque os elementos de financiamento da UE serão formulados pelos Ministros das Finanças da UE a 10 de Novembro.
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1 comentário
De Humberto a 21.09.2015 às 11:08
Sendo a amnésia um requisito essencial do "bom político", a sorte de todos eles é que, daqui por uns anos quando este assunto morrer de 'idiotice parvónica', já todos eles se terão "esquecido" dos disparates que andam agora a fazer o que até convém para o devido pedido de desculpas que por "esquecimento" nunca será feito.
Quanto aos cientistas que defendem esta causa... o único refúgio será (obviamente) a vergonha, se tiverem alguma.
Os outros, como certas organizações que andam por aí (muitas a fingirem-se) muito preocupadas (enquanto esperam pelos seus subsídios), dirão "Fomos enganados!", "Eram cientistas!" ou "Havia consenso!"...
Lembro que na década de 70 o grande medo era o de um resfriamento global. 40 anos depois, por questões financeiras e ilusoriamente populistas, insistem num aquecimento global que terminou há quase 20 anos...
Qual será o grande medo climático daqui por 40 anos?
Por outro lado, (ainda em relação ao "bom político") convém não esquecer que outro atributo essencial do "bom político" é a extraordinária capacidade de ter duas caras! É verdade, o "bom político" tem duas caras. Dirão alguns que é apenas diplomacia...
Ora reparem só aqui num pormenor... quando o "bom político" sai destas reuniões climático-financeiras continuará a pensar nas regulamentações e limitações a impor à economia do seu país e acabadinhas de discutir ou... ou... imediatamente as esquecerá e voltará toda a sua atenção para notícias deliciosas como esta:
«Descoberta a "maior" jazida de gás do Mediterrâneo»
http://www.dn.pt/inicio/economia/interio
«A empresa diz que a descoberta vai ajudar a cobrir "as necessidades de gás natural do Egito durante décadas".
A gigante italiana ENI anunciou este domingo a descoberta da "maior" jazida de gás do Mediterrâneo, nas águas territoriais do Egito. (...) A companhia energética assegura que esta é "a maior descoberta de gás" feita no Mediterrâneo" e pode mesmo "tornar-se uma das maiores reservas de gás natural do mundo". »
Apesar de todas estas movimentações climático-financeiras em que o "bom político" oportunisticamente se envolve... até mesmo ele sabe que o gás natural e respectivos gasodutos são indispensáveis para o bem estar da população do seu país e a partir daqui não é difícil adivinhar o que o "bom político" fará perante notícias destas: o "bom político" irá fazer todos os possíveis por manter os seus concidadãos quentinhos no Inverno e assim ajudar a manter ou até a aumentar qualquer base de apoio que tenha perante o seu eleitorado. (Pés quentes, coração quente, mente satisfeita, eleitor agradecido!)