Marchas pelo clima juntaram mais de 785 mil pessoas em 175 países na véspera da #COP21
Londres, Inglaterra
(Actualizado) Mais de 785 mil pessoas* desfilaram no sábado e no domingo nas ruas de centenas de cidades e vilas de todo o mundo, num fim de semana de acção pelo clima, na véspera do arranque da Cimeira do Clima, a COP21, que começou ontem oficialmente em Paris, e de onde se espera que saia um novo acordo sólido e universal que acabe com as emissões de gases de efeito de estufa e mantenha o aquecimento global abaixo dos 2ºC (ou dos 1,5ºC, como defendem alguns sectores).
Zurique, Suiça
A iniciativa promovida por várias redes de ONG de ambiente, desenvolvimento e sindicatos, pretendeu pressionar os líderes mundiais a aumentar as acções contra as alterações climáticas e a alcançar as metas de 100% de energia renovável, de eliminação da pobreza e de protecção das pessoas contra o agravamento dos impactos climáticos.
Melbourne, Austrália
No total, foram realizados mais de 2300 eventos em 175 países, incluindo Portugal, onde houve acções em Lisboa, Porto e Coimbra, entre outros locais. Em vários países, os organizadores apontam para números recorde neste tipo de marchas pelo clima, como na Austrália, com 140 mil participantes (incluindo 60 mil em Melbourne), na Índia, com outros 140 mil, Grã-Bretanha, com mais de 50 mil em Londres, e Espanha, com mais de 20 mil em Madrid, por exemplo.
Paris, França (Fotos 350.org - CC BY-NC-SA 2.0)
Em Paris, onde acabaram por registar-se alguns confrontos com as autoridades, foram colocados mais de 20 mil pares de sapatos na Praça da República, incluindo do Papa Francisco e secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em nome das 400 mil pessoas que eram esperadas na marcha naquela cidade. Depois disso, 10 mil pessoas deram as mãos num cordão humano em solidariedade com as comunidades afectadas pelas alterações climáticas. Ver mais fotos das principais acções.
(*número de participantes actualizado de 570 mil para 785 mil, a última estimativa da organização)
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Os cidadãos e as alterações climáticas
No passado dia 6 de Junho teve lugar em cerca de 80 países espalhados pelos cinco continentes a iniciativa World Wide Views sobre Clima e Energia, que visou o envolvimento dos cidadãos dos diferentes países na discussão dos temas centrais das negociações para o futuro acordo de Paris, que se espera venha a ser alcançado em Dezembro deste ano. Em Portugal, o encontro teve lugar no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, responsável pela sua organização.
Os cerca de 100 cidadãos que participaram em cada país (que se procurou fossem representativos da diversidade sociodemográfica nacional) receberam informação sobre as diferentes temáticas em cima da mesa e as diferentes opções que podem ser seguidas, procurando garantir o equilíbrio e a imparcialidade dos argumentos apresentados.
E a mensagem é clara. Os cidadãos de todo o mundo querem ação por parte dos decisores políticos e dos diferentes stakeholders e defendem um acordo vinculativo. A preocupação com os impactos das alterações climáticas é elevada e impera a defesa de uma atitude de determinação e responsabilidade que envolva todos os países, mesmo que assumam respostas diferenciadas. Portugal surge como um dos países que exprime maior otimismo quanto à necessidade de tomar medidas, mesmo que difíceis, encarando-as como uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida.
A expectativa de que as mensagens dos cidadãos do mundo sejam ouvidas por quem tem responsabilidades no processo negocial é muito elevada, sendo esta uma oportunidade de ouro para que os políticos estabeleçam uma ponte com os cidadãos demonstrando-lhes que fazer política é, antes de qualquer outra coisa, governar para o bem comum. Os cidadãos estarão atentos.
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