Esgotámos em 8 meses os recursos do planeta para todo o ano
Em menos de oito meses, a humanidade já consumiu mais recursos naturais do que os que o planeta consegue produzir num ano. 13 de Agosto foi a data designada como o Earth’s “overshoot day”, isto é, o dia em que ultrapassámos os limites anuais da Terra e entrámos no que se pode chamar de dívida ecológica - quatro dias mais cedo do que em 2014.
Quem o afirma é a Global Footprint Network (GFN), baseando a data indicada numa comparação entre o atual ritmo de consumo / sobrecarga por parte da humidade (em termos de emissões de carbono, área de cultivo, stocks de pesca e abate de florestas) e a capacidade do planeta para regenerar tais recursos e capturar naturalmente o carbono emitido.
Uma vez que estamos a consumir a um ritmo mais rápido do da renovação dos recursos naturais, o impacto deste consumo em excesso é maior e os seus danos são mais difíceis de reverter.
A GFN estima que o consumo global excedeu pela primeira vez as capacidades do planeta nos anos 70, sendo que desde aí o “overshoot day” tem vindo a ocorrer cada vez mais cedo em cada ano, devido ao crescimento da população mundial, a par do exponencial aumento do consumo a nível global.
Segundo Mathis Wackernagel, presidente da GFN, o problema não é (só) o facto de termos um défice crescente, mas também de o mesmo não ser sustentável no longo prazo. Wackernagel afirmou ao jornal The Guardian que "mesmo perante esta situação, não estamos a tomar medidas para seguir o rumo certo. É um problema psicológico: de alguma forma está a escapar-nos esta lei básica da física. É óbvio para as crianças, mas para 98% dos especialistas em economia é um risco menor que não merece a nossa atenção. No final, a pergunta certa é: será que importa aos governos?"
Segundo a GFN, seriam precisos 1,6 planetas para suportar o ritmo atual de consumo da população mundial, prevendo-se que este número aumente para 2 planetas em 2030, se nada mudar. Caso as emissões globais de CO2 não diminuam, em 2030 o 'overshoot day' será mais cedo - a 28 de Junho. Já num cenário optimista de redução das emissões de CO2 em 30% face aos valores atuais, esse dia recuará até a 16 de Setembro.
Saber mais em: http://www.overshootday.org/
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Lançado relatório sobre “O Estado dos Trópicos”
Em 2050, 60% das crianças do planeta habitarão nos trópicos, uma zona do mundo que já alberga cerca de 40% da população mundial. A conclusão é do relatório “O Estado dos Trópicos”, apresentado em Myanmar, no final de Junho, pela Prémio Nobel da Paz e líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi.
O documento resulta de uma parceria entre uma dúzia de universidades e centros de investigação de vários países, liderados pela Universidade James Cook, da Austrália, e aponta os avanços e recuos em áreas como o crescimento demográfico, a pobreza e preservação da água doce e das florestas, por exemplo. Analisa igualmente a evolução dos países da região em termos de emissões de gases de efeito de estufa (GEE).
A região tropical situa-se entre os Trópicos de Caranguejo e de Sagitário e abrange partes ou a totalidade de países tão diversos como o Brasil, a Bolívia, a Nigéria, o Zimbabué, a Tailândia, a Índia, a Indonésia, a Papua Nova Guiné, as Fiji, o sul da China e o norte da Austrália.
“As tendências que identificámos neste relatório exigem a atenção dos decisores das políticas globais, dado que revelam como os trópicos, em grande medida, determinam o nosso futuro global”, explica neste artigo a professora Sandra Harding, vice-reitora da Universidade James Cook.