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Japão abandona as medidas de combate às alterações climáticas

Sexta-feira, 17.07.15

O Governo japonês anunciou hoje formalmente a meta nacional de 26% de redução de gases com efeito estufa até 2030 (em comparação com os níveis de 2013). Se comparada com os níveis de 1990, esta é uma redução de 18%.

Considerando os esforços globais que precisam de ser feitos para conseguir manter a temperatura global do planeta abaixo dos 2º Celsius, a contribuição nacional (INDC, na sigla em inglês) do Japão não abre caminho para alcançar este objetivo, dificultando os esforços de mitigação. Nos últimos anos, as emissões de 2013 destacaram-se como especialmente elevadas.

Enquanto quinto maior emissor mundial de gases com efeito estufa e com emissões per capita a registar níveis muito acima da média global, é injusto o Japão propôr um objetivo tão fraco.

O governo japonês justifica que esta contribuição está em linha com sua meta de redução de 80% até 2050.

Contudo, na realidade, a meta proposta hoje reflete o abandono das medidas de mudança climática por parte Japão e só onera as gerações futuras.

Numa altura em que o resto do mundo se prepara para os acordos históricos que terão lugar em Paris, na COP21, o Japão lança um objetivo para 2030 que não é aceitável, diz a Rede de Ação Climática Japonesa, em comunicado.

 

Em reação a esta medida, Ai Kashiwagi, da Greenpeace Japão, foi mais longe e disse que o país nem conseguirá cumprir "esta meta climática abissalmente fraca", acrescentando que "a sua política energética de fantasia, dependente da dispendiosa e perigosa energia nuclear não vai ajudar".

 

Segundo a Greenpeace Japão, o primeiro-ministro nipónico Shinzo Abe está a ficar pelo caminho, numa altura em que grande parte das nações mundiais dão rápidos passos em direção a um futuro energético renovável. "O fracasso da sua política energética irá, pelo contrário, amarrar o Japão a um cenário futuro de massivas emissões poluentes, insegurança energética e de dependência dos combustíveis fósseis".


Apesar do país continuar a apostar numa economia assente nos combustíveis fósseis e na energia nuclear, a verdade é que o país tem potencial para produzir 56% da sua eletricidade a partir de fontes renováveis em 2030.

 

Mais informações sobre o potencial do Japão em energias renováveis: aqui


Imagem: http://blogs.sit.edu

 

 

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publicado por Quercus às 19:17

Produção renovável ganha terreno à energia nuclear nas grandes economias

Quinta-feira, 16.07.15

paineis.gifA energia solar, eólica e outras fontes renováveis para além da produção hidroelétrica já suplantaram a energia nuclear no abastecimento de eletricidade em países como o Japão, a China, a Índia e cinco outras grandes economias, representando cerca de metade da população mundial. São estas conclusões do relatório ‘The World Nuclear Industry Status Report 2015’.

 

Apesar de, em média, as centrais nucleares produzirem anualmente cerca de duas vezes mais eletricidade do que as renováveis por cada quilowatt instalado, o elevado crescimento da energia solar, eólica e outras renováveis significa que a energia nuclear está a ser rapidamente preterida à medida que vários países viram costas a esta fonte energética após o incidente de Fukushima, no Japão.

 

A produção global de energia nuclear cresceu 2,2% em 2014, mesmo com o primeiro encerramento prolongado da indústria nuclear por 45 anos (no Japão). Contudo, com a energia solar a crescer 38% e a eólica cerca de 10%, estas e outras fontes renováveis estão a ganhar terreno.

 

Custos ascendentes, atrasos nas construções, contestação pública e o envelhecimento dos reactores nuclares estão a limitar as oportunidades desta fonte energética, enquanto do outro lado as fontes renováveis apresentam custos cada vez mais baixos, uma muito maior eficiência e melhor gestão, bem como melhorias ao nível da capacidade de armazenamento. Esta mudança de paradigma traz numa nova imagem à produção global de energia.

 

Em termos de produção, países como a China, o Japão e a Índia - três das maiores economias mundiais, a par do Brasil, Alemanha, México, Holanda e Espanha – geram hoje mais eletricidade proveniente de fontes renováveis (excluindo a hídrica) do que energia nuclear.

 

No Reino Unido, a produção renovável, com a hídrica incluída, ultrapassou a energia atómica pela primeira vez em décadas, enquanto nos Estados Unidos a percentagem que cabe às renováveis corresponde atualmente a 13%, em comparação com os 8,5% de 2007.

 

Sem considerar a indústria moribunda do Japão, devido à sua interrupção de longo termo, o relatório atesta que em 2014 existiam 391 unidades nucleares ativas a nível global, mais três do que no ano anterior, mas menos 47 do que em 2002.

 

Os principais autores deste relatório são analistas do setor industrial - Mycle Schneider e Antony Froggatt - ambos antigos consultores de organismos governamentais europeus em matérias de política energética e nuclear.

 

Fonte: www.worldnuclearreport.org

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publicado por Quercus às 16:01

Japão, Suíça e Brasil recebem galardão “Fóssil do Dia”, mas também já foi atribuído um “Raio do Dia” 

Quinta-feira, 04.12.14

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Há mais vencedores do “prémio” das ONG para os países com pior prestação nas negociações do clima, desta feita na COP20, que está a decorrer em Lima, no Peru. Na terça-feira, dia 2, o vencedor do "Fóssil do Dia" foi o Japão, devido ao financiamento de centrais a carvão e gás em países em desenvolvimento, em particular na Indonésia. 

Os japoneses estão a usar verbas destinadas ao combate às alterações climáticas para financiar tecnologias que continuam a causar os mesmos problemas. Para as ONG, não colhe o argumento de que é melhor financiar centrais a “carvão limpo” que as centrais tradicionais. 

Trata-se de uma visão pouco clarividente do que significa o desenvolvimento, dado que este tipo de centrais a carvão e gás não terão capacidade para gerar a energia necessária. Além disso, o preço dos combustíveis continuará a subir, pelo que a fatura será maior, assim como os impactos - muitos moradores já se queixam de que o lodo de carvão está a entupir os rios e matar os stocks de peixe, efeitos que não acontecem com as energias renováveis.

Em vez do cavaleiro de armadura brilhante que tenta parecer com os “fundos de arranque rápido”, o Japão é na realidade o dragão que comeu a donzela… Estas verbas deviam ter sido aplicadas em energias renováveis que resolvam os problemas da Indonésia. É para isso que serve o financiamento climático. [ver vídeo da cerimónia]

Suíça em primeiro e Brasil em segundo na quarta-feira

Ontem, quarta-feira, a distinção coube à Suíça, por ter-se oposto a quaisquer compromissos quantificados e juridicamente vinculativos sobre financiamento, mas também ter ameaçado os países em desenvolvimento de que esta reivindicação podia pôr em causa o resultado da COP20.

As ONG salientam que qualquer pessoa que escute a sociedade ou os cientistas sabe que é preciso fazer muito mais se quisermos manter o aumento da temperatura abaixo do limite internacionalmente acordado de 2°C. E para isso é fundamental prever um financiamento climático público que ajude os países em desenvolvimento a aumentar a escala das suas ações.

Houve outros países desenvolvidos, incluindo a UE e os EUA, que estiveram perto de ganhar um fóssil, dado que também rejeitaram fortemente compromissos em matéria de finanças. Mas foi o Brasil a receber o 2.º lugar, ao declarar que não existe uma dupla contabilização no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), um problema conhecido e documentado.

Pequenos Estados Insulares recebem primeiro “Raio do Dia”

Mas nem tudo são más notícias. A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS) recebeu o galardão positivo, o ‘Raio do Dia’, por ser o primeiro grupo nesta COP a apoiar diretamente a eliminação total da poluição de carbono até ao ano 2050. O que torna esta afirmação ainda mais importante é que outros países juntaram suas vozes à AOSIS, nomeadamente os da Aliança Independente da América Latina e do Caribe (AILAC) e a Noruega.

Para as ONG, atingir esta meta até meados do século, a par de uma transição justa para 100% de energias renováveis, é a nossa única esperança para ficar abaixo do limite de 2°C. Para isso é preciso garantir o apoio financeiro e tecnológico suficiente para a transição dos países, começando, por exemplo, a mudar os subsídios e os investimentos dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.

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publicado por Quercus às 19:06