Aquecimento global prestes a ultrapassar o limiar de 1ºC
As temperaturas globais estão a aumentar mais de um grau acima dos níveis pré-industriais, de acordo com dados da Agência Meteorológica Met Office do Reino Unido.
Os dados obtidos entre janeiro a setembro deste ano já se encontravam 1,02ºC acima da média entre 1850 e 1900.
Se o aumento de temperatura permanecer como previsto, 2015 será o primeiro ano a transpor um dos limiares-chave do aquecimento global.
O mundo estará, então, a meio caminho em direção ao limiar dos 2ºC, a partir do qual já não será possível evitar as piores consequências das alterações climáticas ao nível global.
Estes dados trazem a certeza para uma ação urgente durante as negociações, em Paris, no final deste mês para definir um novo tratado climático global.
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Eventos meteorológicos extremos de 2015: a culpa é das alterações climáticas?
O site de notícias climáticas 'RTCC' (Responding To Climate Change) passou em retrospetiva vários eventos meteorológicos extremos que têm pontuado o ano de 2015, entre recordes de temperatura, ondas de calor e um 'El Niño' no próximo Inverno que se prevê ser o mais forte dos últimos 50 anos.
O passado mês de Julho foi o mês mais quente de sempre em todo o globo, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA, na sigla em inglês).
Desde ondas de calor na Europa, Médio Oriente e Ásia do Sul a cheias nos Estados Unidos e em África, muitos analistas e comentadores apontaram rapidamente o dedo às alterações climáticas.
Temperaturas em superfícies terrestres e oceânicas em Julho de 2015 (NOAA)
Fonte: http://www.rtcc.org
Contudo, com um efervescente El Niño no Pacífico que se prevê vir a gerar um pico de episódios extremos, até que ponto podemos dizer de forma precisa que as alterações climáticas também têm a sua quota parte de culpa nestes eventos?
Segundo a NOAA, qualquer conclusão fiável deve ser feita com um tempo de intervalo, de modo a ter em conta todos os fatores relevantes para a análise.
Mas há quem pense de forma diferente, como Stefan Rahmstorf, professor no Potsdam Institute for Climate Impact Research, segundo o qual há margem para estabelecer aquela relação de causa-efeito, mesmo numa primeira fase.
Assumindo que é difícil atribuir de forma linear a ocorrência de um evento meteorológico em particular às alterações climáticas, os dados a longo prazo fornecem uma base para avaliar a probabilidade desta correlação.
De acordo com Rahmstorf, tal é possível mesmo durante um período de ocorrência do El Niño. Enquanto este último gera um pico isolado a nível de dados meteorológicos, as tendências verificadas no longo prazo apontam para as alterações climáticas.
No artigo completo, é feita uma análise em pormenor de vários eventos meteorológicos extremos que marcaram o presente ano:
- o ciclone Pam no sul do Pacífico
- o mês de Maio mais quente de sempre no Alaska
- inundações repentinas nos Estados norte-americanos do Texas e Oklahoma
- a segunda mais mortífera onda de calor de sempre na Índia (algumas estradas chegaram a derreter)
- onda de calor mortífera no Paquistão
- onda de calor na Europa em Julho, com a Alemanha a registar o dia mais quente de sempre desde que há registos
- onda de calor no Irão e Iraque, com temperaturas a excederem em Agosto os 50ºC neste último
- inundações no Gana
- seca severa na Califórnia, EUA
- as piores inundações das últimas décadas no Myanmar (antiga Birmânia)
- a maior seca dos últimos 80 anos no Brasil
No que respeita à sistemática ocorrência de ondas de calor nos últimos meses, Stefan Rahmstorf afirmou ao RTCC que perante este "aumento sistemático dos picos de calor, a causa lógica é o aquecimento global".
O artigo original está disponível na íntegra aqui (em inglês).
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Eventos meteorológicos extremos vão provocar maiores quebras na produção alimentar mundial
De acordo com um relatório recente, o aumento dos fenómenos meteorológicos extremos derivados do aquecimento global do planeta tornará três vezes mais provável, dentro de 25 anos, a ocorrência de grandes quebras na produção alimentar mundial.
A probabilidade de ocorrer um choque deste género é atualmente de uma vez em cem anos, num cenário onde a produção dos quatro maiores produtos agrícolas de base - milho, soja, trigo e arroz - cai cerca de 5 a 7%.
No entanto, eventos deste género vão verificar-se a cada 30 anos em 2040, segundo um estudo desenvolvido por uma unidade especial britânica e americana sobre resiliência da alimentação global face a eventos climáticos extremos.
Tal quebra na produção agrícola poderá deixar populações de países em desenvolvimentos em situações precárias e vulneráveis, com os Estados Unidos e o Reino Unido a ficarem "muito expostos à consequente instabilidade e conflito".
Por outro lado, tais choques poderiam também resultar numa subida do índice dos preços da alimentação das Nações Unidas, que avalia o preço internacional das principais matérias-primas, em em 50%.
Este relatório, apoiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Commonwealth, salienta que a ocorrência de eventos meteorológicos extremos, tais como inundações e secas, serão tão mais significantivos quanto maior for o aumento das temperaturas médias e da precipitação.
Uma maior volatilidade da produção alimentar irá afetar principalmente os países em desenvolvimento que registam maiores níveis de pobreza e de instabilidade política, tais como os países do Golfo e da África subsariana.
Adaptado de: aqui
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Primeiro semestre de 2015 foi o mais quente dos últimos 85 anos
Entre Janeiro e Junho de 2015 registou-se a média das temperaturas máximas do ar mais elevada dos últimos 85 anos - 20,06 graus - de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
29 de junho de 2015 foi o dia mais quente do ano, em que se registou uma temperatura máxima de 43,2ºC em Beja.
Já considerando o valor médio da temperatura do ar (que foi de 14,30ºC), o primeiro semestre de 2015 foi apenas o nono mais quente desde 1931, ano em que começaram a ser feitas estatísticas meteorológicas em Portugal.
As quatro ondas de calor registadas nos seis primeiros meses do ano (27 de março a 7 de abril; 9 a 15 de maio; 21 maio a 10 junho e 25 a 30 junho) contribuiram para este pico e trouxeram não só uma primavera mais quente do que seria 'normal', mas também um verão que se prevê continuar a registar temperaturas altas.
No que respeita à precipitação, o valor médio do primeiro semestre de 2015 foi de 258,8 milímetros (mm), bastante abaixo da média, que se situa nos 461 mm. Este foi o sexto valor mais baixo desde 1931, tendo o recorde sido registado em 2005, com 154,6 mm.
A nível global, o mês de junho e o primeiro semestre deste ano foram os mais quentes de sempre. A temperatura média global do Planeta atingiu os 16,33ºC, segundo o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). Segundo Jessica Blunden, cientista do NOAA, é difícil que 2015 não venha a ser o ano mais quente de sempre.