Quercus vai estar na 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que começa esta 2ª feira, em Bona
Começa esta 2ª feira, dia 6 de novembro, a 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP23), que decorrerá em Bona, na Alemanha, até 17 de Novembro, e será presidida pelas Ilhas Fiji. A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática, estará presente na conferência, integrada na delegação oficial portuguesa como única representante oficial das ONG de Ambiente nacionais, devidamente designadas pela CPADA – Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente. O grande desafio da COP23 será antecipar as conversações com vista a reavaliar já as contribuições nacionais de cada país na redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), de modo a que seja possível alcançar os objetivos do Acordo de Paris, que entrou em vigor faz hoje precisamente 1 ano.
Numa semana em que a Organização Mundial de Meteorologia anunciou ter sido atingido, em 2016, um valor recorde de concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera – de 403,3 partes por milhão (ppm) – não restam dúvidas que, se mantivermos as atuais e insuficientes metas de redução de GEE, não será possível manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo do limite seguro de 2ºC face aos níveis pré-industriais.
Um novo estudo da Universidade de Washington aponta para um cenário pior do que o esperado e prevê que, em 2100, o aquecimento global resulte num aumento da temperatura do planeta entre 3ºC e 5ºC. Este mesmo estudo refere que as probabilidades de efetivamente cumprirmos as metas dos 2ºC e dos 1,5ºC, definidas em Paris, são de apenas 5% e 1%, respetivamente.
Queremos Portugal neutro em carbono em 2050
Portugal atravessa um período dramático e representativo das consequências de um clima já em mudança, com grande parte do território em situação de seca extrema, e temperaturas elevadas para a época, um contexto que contribuiu também para potenciar ainda mais a intensidade dos fogos florestais que reduziram a cinzas vários milharesde hectares de floresta. Por isso, a adaptação às alterações climáticas, a prevenção e o planeamento de uma floresta resiliente têm de ser prioridades.
Por outro lado, tendo em conta que 50% das nossas emissões de CO2 têm origem na produção de eletricidade e nos transportes, a progressiva descarbonização destes setores e a aposta nas energias renováveis não podem ficar só pelas promessas.
Na opinião de João Branco, presidente da Direção Nacional da Quercus, que estará na COP23, “Portugal deve dar o exemplo em Bona e manter o tom ambicioso que pautou o discurso de António Costa na COP22, em Marraquexe, no qual o Primeiro-Ministro assumiu o objetivo de sermos um país neutro em emissões de gases com efeito de estufa até ao final da primeira metade do século.”
Quercus enumera os 6 desafios da UE na COP23
Com a anunciada saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, um dos grandes desafios será, desde logo, conseguir que o resto dos signatários permaneçam juntos e criem pontes de diálogo para aumentar a sua ambição climática.
Da União Europeia, espera-se que assuma o papel de líder das negociações, mas para isso é preciso que dê provas de querer ir mais além. Para a Quercus, estes são os principais desafios para que a UE fale a uma só voz:
- Acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis, nomeadamente ao carvão, e encerrar as centrais térmicas;
- Reformar o regime do comércio de licenças de emissão da UE, corrigindo o excedente de licenças e assegurando que os incentivos à modernização do setor não são utilizados para financiar as indústrias fósseis;
- Apoiar as comunidades mais afetadas pelos impactes das alterações climáticas na transição para um modelo energético limpo e uma economia segura e sustentável;
- Assumir o compromisso de 100% de energia renovável já em 2050 e travar o desperdício de energia, elevando a fasquia das metas estabelecidas para a eficiência energética e para as renováveis;
- Reforçar a capacidade das florestas e dos solos no combate às alterações climáticas, aumentando o nível de ambição do Regulamento LULUCF (Land Use, Land-Use Change and Forestry) de modo a aumentar os sumidouros florestais e o uso sustentável das florestas do ponto de vista climático;
- Reforçar a atuação ao nível da qualidade do ar, atualizando os valores-limite permitidos, de modo a assegurar o cumprimento dos compromissos estabelecidos pelos países quanto à redução da poluição atmosférica.
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Metas de redução de GEE em vigor farão temperatura global subir até 3,4ºC em 2100
A um dia de entrar em vigor o Acordo de Paris, Quercus reforça o alerta
Relatório da ONU divulgado hoje alerta que é preciso um corte adicional de 25% nas emissões de GEE para 2030
É preciso incrementar urgentemente o nível de ambição dos objetivos de redução de gases com efeito de estufa (GEE) para ser possível manter o aquecimento global do planeta abaixo dos 2ºC (idealmente 1,5ºC), face aos níveis pré-industriais.
De acordo com a comunidade científica, para que isso seja possível, o limite máximo de emissões a registar-se em 2030 teria de estabilizar nas 42 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) como principal GEE. Estas são algumas conclusões do ‘Emissions Gap Report 2016’, hoje divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA).
Reforçando os apelos que têm vindo a ser veiculados pelos movimentos ambientalistas, e que a Quercus também divulgou no início desta semana, este relatório vem demonstrar que as metas de redução das emissões atualmente assumidas pelos governos conduzirão o planeta por uma rota perigosa de aquecimento da temperatura média global, que ultrapassa os limites de segurança a partir dos quais não será possível evitar as consequências mais graves das alterações climáticas.
Com as atuais metas de redução, as emissões de CO2 atingirão em 2030 valores entre as 54 e as 56 gigatoneladas. Como termo de comparação, 1 gigatonelada é o equivalente às emissões anuais do setor dos transportes de toda a União Europeia, incluindo a aviação. Este cenário significaria um aumento da temperatura entre os 2,9oC e os 3,4oC, muito acima do limite traçado pelo Acordo de Paris, que entra em vigor amanhã, 4 de novembro.
O relatório do PNUMA acrescenta ainda que, caso se leve demasiado tempo a rever as metas atuais de redução de GEE e aumentar os níveis de ambição, poderá perder-se mesmo a oportunidade de alcançar o objetivo dos 1,5ºC, aumentando também os custos associados à transição para uma economia de baixo carbono.
Nesse sentido, é ‘urgente’ cortar em mais 25% as emissões previstas para 2030.
A Quercus, enquanto membro da Rede Europeia para a Ação Climática, relembra que a União Europeia (UE) desempenha um papel importante no alavancar deste esforço adicional. Para impulsionar a ação climática antes de 2020, a UE precisa de cancelar o excesso de licenças de emissão - mais de 3 mil milhões - que terá acumulado até 2020, no âmbito do Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE).
De acordo com a proposta em cima da mesa para a revisão da Diretiva que regulamenta o RCLE-UE, essas licenças poderão vir ser usadas no período pós-2020 para baixar o nível de ambição das metas de redução de emissões de GEE para 2030.
O ‘Emissions Gap Report’ está disponível em: http://web.unep.org/emissionsgap/
As expectativas da Quercus para a COP22: http://climaticas.blogs.sapo.pt/quercus-exige-mais-ambicao-aos-69066
Quercus em Marraquexe já na próxima semana
A Quercus, membro da Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), estará presente em Marraquexe a partir da próxima semana e até ao final da COP22, integrada na delegação oficial portuguesa e como representante das organizações não-governamentais portuguesas de ambiente e da sociedade civil.
Lisboa, 3 de novembro de 2016,
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
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Financiamento climático será um dos pontos chave da COP22
O Acordo de Paris evidenciou a necessidade de acelerar o financiamento climático no período pré-2020.
Eis os pontos essenciais:
Roteiro para um financiamento climático antes de 2020
O acordo e a publicação de um roteiro para alcançar financiamento climático na ordem dos 100 mil milhões de dólares em 2020 será um importante marco para a ação climatica no período pré-2020. Este roteiro será um resultado essencial para a COP22, a decorrer em Marraquexe ainda este ano, na medida em que ajudará a solidificar a aliança da União Europeia (UE) com países parceiros em desenvolvimento que estão na vanguarda da luta contra as alterações climáticas. Será também fundamental para garantir a confiança e demonstrar como e quando os países desenvolvidos pretendem ampliar o seu apoio financeiro.
O Roteiro 2020 deve incluir cenários qualitativos e quantitativos de financiamento público e privado a ser mobilizado por países doadores. O roteiro deverá também fornecer informações sobre fontes, tipos e canais de financiamento. Nesse sentido, é crucial que os Estados-membros da UE exerçam a sua influência para a adoção deste roteiro que deverá incluir informação detalhada sobre os apoios, de modo a garantir o incremento da ação climática até 2020, bem como a sua continuidade para além desta data.
Provisão de finanças públicas para a adaptação às alterações climáticas
Deve-se privilegiar o aumento do financiamento destinado à adaptação climática, definindo uma meta quantitativa no roteiro ou, caso isso não seja possível, através de uma decisão na próxima Conferência das Partes. Esta meta deve ser estabelecida tendo em consideração o desejável equilíbrio entre o financiamento para a adaptação e a mitigação. O planeamento para a adaptação às alterações climáticas, conjugado com ciclos de revisão dos esforços de mitigação a cada 5 anos, irá melhorar a qualidade do financiamento destinado a estas ações e potenciar a resiliência climática. Deverão ser alocados, pelo menos, 50% de fundos públicos a ações de adaptação às alterações climáticas como parte dos esforços globais para eliminar a falta de financiamento para esta componente.
Contabilidade e financiamento climáticos
O financiamento climático deve ser politicamente sustentável, transparente e sujeito a sistemas de contabilidade e acompanhamento de fluxos mutuamente acordados. Só assim será possível avaliar melhor os progressos e cumprir obrigações, mas também aprender com experiências já realizadas ao nível da provisão, mobilização e uso de financiamento climático. Enquanto maior doador internacional do mundo, a UE deve liderar o caminho no sentido de garantir padrões de clareza, transparência e coerência na prestação de contas e requisitos de comunicação (reporting) sobre o financiamento climático. Os atuais sistemas de comunicação são incompletos, inconsistentes e pouco detalhados no que concerne aos requisitos para cumprir esses objetivos. Alguns países desenvolvidos estão já a considerar vários tipos de projetos e instrumentos financeiros considerados inapropriados por parte dos países beneficiários e observadores da sociedade civil . A COP22 deverá ter como base a iniciativa lançada em Paris, ano passado, no sentido de definir melhores normas internacionais para os relatórios sobre financiamento climático. A UE e todos os países desenvolvidos devem desenvolver progressos neste programa de trabalho para chegar a acordo sobre um mecanismo de contabilidade mais rigoroso e aceite no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC).
Incentivar a mudança nos padrões e fluxos de investimento
A UE deve assegurar que as suas políticas internas e a assistência ao desenvolvimento internacional estão em conformidade com os objetivos do Acordo de Paris, nomeadamente redirecionando os seus fluxos financeiros para investimentos de baixas emissões de gases com efeito de estufa (GEE), que fortaleçam a resiliência climática. A UE deve, assim, comprometer-se a eliminar a concessão de financiamento público para projetos relacionados com o setor do carvão e outros combustíveis fósseis mais poluentes, incluindo apoios, créditos à exportação e garantias, salvo em casos extremos em que não exista claramente nenhuma outra opção viável para aumentar a acessibilidade a fontes de energia por parte países mais pobres. Os Ministros das Finanças da UE devem também recorrer à revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual para integrar de forma adequada o Acordo de Paris e os objetivos globais de política climática e energética em todos os fundos e instrumentos financeiros da UE.
Fontes inovadoras de financiamento
É tempo de mobilizar fontes inovadoras de financiamento público e transmitir aos países em, desenvolvimento parceiros um sinal forte de que o financiamento público para a ação climática continuará a aumentar, para além dos orçamentos de ajuda ao desenvolvimento. O regime do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) está atualmente a ser revisto para o período 2021-2030, proporcionando uma oportunidade-chave para a UE implementar fontes inovadoras de financiamento para a ação climática. Através da revisão do CELE, os Estados-membros podem direcionar uma parte das receitas da venda em leilão das licenças de emissão diretamente para o Fundo Verde para o Clima, como sugerido pelo Parlamento Europeu . Além disso, o Imposto sobre as Transacções Financeiras deve ser operacionalizado o mais rapidamente possível, de modo a direcionar 50% das receitas gerados para a ação climática; as taxas sobre o transporte internacional (aviação) devem avançar, de modo a acabar com a isenção de impostos sobre o combustível neste setor, usando o Acordo de Paris como forma de pressão na Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) e na Organização Marítima Internacional (OMI); e, por fim, deverá ser estudada a criação de uma taxa sobre a extração de combustíveis fósseis.
Financiamento do setor privado
No que respeita ao papel do setor privado, o Acordo de Paris deve também deixar claro que esta fonte de financiamento é tão e somente complementar, mas não um substituto dos fundos públicos. Neste sentido, nas situações em que os fundos públicos forem utilizados para mobilizar o financiamento privado, devem ser previamente acordados critérios claros e transparentes com elevados padrões ambientais e de respeito e garantia pelos direitos humanos, bem como mecanismos de responsabilização e avaliação de resultados. É fundamental o fortalecimento das indústrias nacionais nos setores de baixas emissões de carbono, de modo a permitir uma maior canalização dos recursos internos para ações de adaptação e mitigação, com vantagens posteriores ao nível do desenvolvimento social e comunitário.
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Ações pelo Clima hoje em todo o mundo
Ontem começaram as manifestações em todo o mundo a favor de um Acordo Global, que começa já hoje a ser negociado em Paris, para combater as alterações climáticas.
Hoje, em Paris, face à impossibilidade de realizar a grande Marcha do Clima prevista, irão realizar-se outras iniciativas, cuja mais simbólica será a de encher a Praça da República e ruas envolventes com os sapatos de quem ia marchar. O Papa Francisco juntou-se a esta iniciativa, enviado também os seus sapatos.
Esta iniciativa começa às 11 horas de Lisboa. A esta hora irá fazer-se um cordão humano entre a Praça da república e a rotunda da Nação ao longo do Boulevard Voltaire, também em Paris.
A outra iniciativa prevista para Paris, "March 4 Me" organizada prinicipalmente por organizações não governamentais. O mote é: senão podemos marchar pelo clima, marchemos por nós.
Em Portugal, váriás são as iniciativas, marchas e cordões que irão ocorrer esta tarde, a partir das 15 horas.
Lisboa, 29/11, 15h - Marcha Mundial do Clima
O ponto de partida irá ser no Martim Moniz (às 15h) com destino à Alameda (junto da Fonte), passando pela Avenida Almirante Reis. O objetivo irá passar por fazer uma grande concentração de pessoas no jardim da Alameda e, se possível, fazer com que os que estão ao redor também participem. Pede-se aos participantes para irem de verde.
Porto, 29/11, 15h - Marcha pelo Clima no Porto
A concentração e partida será no Largo do Terreiro. A partir daí os participantes irão percorrer as ruas da cidade, direção ao adro da Câmara Municipal do Porto. O trajeto é curto para possibilitar a adesão de pais com crianças e idosos.
Pede-se aos participantes que tragam uma corda para se amarrar umas às outras e assim ter um enorme cordão humano.
Coimbra, 29/11, 15h - Sustenta'Terra, Sustenta' Vida
Os participantes juntar-se-ão na Praça da República de onde partirá uma marcha pelo clima até ao Largo da Portagem com a durabilidade de aproximadamente 30 minutos. No Jardim da Sereia existirá um espaço com uma tela gigante onde todos poderão deixar o seu contributo. Os participantes deverão trazer vestido uma camisola branca e corações verdes ou azuis, feitos em cartolina.
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Reino Unido anuncia planos para encerrar centrais a carvão em 2025
O governo do Reino Unido anunciou na semana passada os seus planos para encerrar todas as centrais de produção de energia a carvão até 2025, e de limitar a sua utilização já a partir de 2023.
A decisão foi anunciada pela Secretária de Estado para a Energia e Alterações Climáticas, Âmbar Rudd, num discurso que estabelecia um novo rumo para a política energética do país, centrado na segurança de fornecimento de energia e mais dirigida para as famílias e empresas.
No último século, o Reino Unido tem vindo a desenvolver-se à custa do investimento em tecnologias com grandes emissões de carbono, como centrais de produção de energia a carvão, muito poluentes e algumas com mais de 50 anos de idade.
Esta notícia chega poucas semanas antes da COP21 em Paris, destinada a garantir um novo acordo sobre as alterações climáticas, e que deverá incluir uma grande pressão por metas nacionais para reduzir as emissões globais e eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
As associações de defesa do ambiente mostram-se satisfeitas com os planos do Reino Unido para abandonar o carvão, mas criticam a nova aposta do país no gás natural e em centrais nucleares, quando a aposta e o investimento deveriam ser na eficiência energética e energias renováveis, mais seguras, acessíveis e limpas.
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Conferência da ONU sobre clima começa segunda-feira, 30 de Novembro em Paris
Começa na próxima segunda-feira, dia 30 de novembro, a 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que decorrerá até 11 de dezembro em Paris. A Conferência de Paris não será por si só capaz de dar uma resposta completa à crise climática, mas terá de melhorar a probabilidade de se conseguir limitar as alterações climáticas a um aumento de temperatura entre 1,5º e 2ºC.
Os compromissos nacionais (INDCs, na sigla em inglês) para a redução de emissões, que até agora foram apresentados por 171 países à Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), são insuficientes para manter o aumento de temperatura global abaixo dos 2º Celsius acordados em Copenhaga. Os Estados Unidos da América assumiram o compromisso de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa entre 26-28% até 2025, com base em 2005. A China assumiu que o seu pico de emissões seria alcançado em 2030 e a União Europeia assumiu um compromisso de redução de 40% das emissões de GEE em 2030, em relação a 1990.
Estes compromissos assumidos conduzirão o mundo a um aumento da temperatura média global de pelo menos 2,7ºC [2]. Nesse mundo, a realidade diária será pautada por cheias e secas mais frequentes, escassez de água e de alimentos, aumento do número de refugiados e conflitos, bem como danos irreversíveis para os ecossistemas, as economias e as comunidades humanas.
O que está em cima da mesa em Paris
A CAN publicou o documento com as suas expectativas e ambição para a COP 21 [3], de Paris, cujos tópicos mais importantes são:
Manter o aumnto de temperatura global abaixo de 1,5ºC - 2ºC
Para atingir este objetivo assumido pelos países presentes na COP de Copenhaga, em 2009, é necessário:
- um Acordo com períodos de compromisso de 5 anos, para que possam ser revistos sempre que se cumpra esse intervalo de tempo;
- Um mecanismo de ambição para que em cada revisão seja possível aumentar o nível de ambição dos compromissos anteriores;
- Um compromisso de longo prazo para a eliminação total das emissões dos combustíveis fósseis e a introdução progressiva de 100% de energia renovável, o mais tardar em 2050.
Financiamento
É por todos reconhecido que os países em desenvolvimento precisam de assistência financeira por parte dos países desenvolvidos, como apoio à transição para a produção de energia limpa e à redução de emissões de GEE, sem que o seu desenvolvimento seja posto em causa. Por outro lado, os países desenvolvidos necessitam também de assistência para a adaptação aos efeitos severos das alterações climáticas.
Em Copenhaga, na COP 15, os países acordaram que seriam providenciados, até 2020, pelo menos 100 mil milhões de euros por ano para financiamento climático. Os países em desenvolvimento querem garantir que este financiamento continua para além de 2020, mas continua pouco claro como isto irá acontecer.
Aumentar o nível de ambição no curto-prazo
Como os compromissos nacionais agora assumidos pelos países começam apenas em 2020, é necessário fazer mais no curto prazo. Os países desenvolvidos devem aumentar o seu nível de ambição de redução da emissão de GEE até 2020 e concretizar os apoios na forma de financiamento e tecnologia assumidos em Copenhaga.
Adaptação e Perdas e Danos
Para os países menos desenvolvidos e muitos dos países do G77, as "Perdas e Danos" representa um ponto fundamental nas negociações. Para estes países é essencial criar um fundo de financiamento separado para a adaptação às alterações climáticas e para responder aos desastres climáticos e outros impactes para os quais já não é possível a adaptação (perdas e danos). Os desafios em torno deste ponto passam por questões como a dificuldade de ligar as alterações climáticas a eventos específicos que causam perdas e danos, para que seja possível avaliar a reparação do dano.
O que se espera da União Europeia
Portugal apresenta-se nestas conferências como parte integrante da União Europeia (UE), onde é assumida uma posição conjunta de negociação. Para o sucesso de Paris, a UE precisa de:
- Defender a inclusão no Acordo de Paris do compromisso de eliminação gradual de todas as emissões de combustíveis e a introdução progressiva de 100% de energia renovável
- Defender a revisão dos compromissos nacionais assumidos pelos países a começar imediatamente depois da COP 21 e a estar completa em 2018;
- Aumentar o nível de ambição de pelo menos 40% de redução de emissões de GEE até 2030 (que constitui o INDC da UE), para pelo menos 55% de redução até 2030, com base em 1990;
- Publicar detalhadamente os compromissos assumidos pela UE e especificar o total das emissões na UE entre 2021 e 2030;
- Assumir uma meta para 2025, para além da meta para 2030, pois o mecanismo de períodos de compromisso de 5 anos é a melhor ferramenta para aumentar a ambição;
- Impulsionar a ambição da UE pré-2020, incluindo a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis, a eliminação das licenças de emissão excendentárias do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (EU-ETS) e a implementação da legislação sobre eficiência energética e energias renováveis;
- Mostrar liderança para o resto do mundo e assumir um compromisso de redução de emissões de 30% em 2020, em relação a 1990. Em 2014 a redução de emissões foi de 23% em relação a 1990, e muito provavelmente chegará a uma redução de 30% em 2020.
- Contribuir com a sua parte de forma justa para o total dos 100 mil milhões de dólares anuais, até 2020, destinados ao financiamento climático. A UE também precisa de aumentar a sua contribuição financeira no pós-2020, o que não aconteceu no Conselho de Finanças de 10 de novembro passado
- Assegurar que o Acordo de Paris estimula a transição dos apoios financeiros e investimentos aos combustíveis fósseis para as energias renováveis.
Posição de Portugal
O Quadro Estratégico para a Política Climática (QEPiC), aprovado em julho de 2015, apresenta os objetivos nacionais em termos de política climática - de mitigação e adaptação.
Os objetivos mais importantes no pós-2020 são:
- Meta de redução das emissões de GEE entre 30% a 40% em 2030, assegurada por trajetória de redução entre 18%-23% já em 2020 (ambas com base em 2005);
- Redução do consumo de energia em 30%, em relação à baseline, assente na eficiência energética;
- Fomento das energias renováveis, atingindo 40% do consumo final de energia em 2030.
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Expectativas para a COP21: o acordo de Paris será suficiente?
Sumário das expectativas da Rede de Ação Climática (CAN, na sigla em inglês) para a COP21 que tem início em Paris, no próximo dia 30 de novembro de 2015.
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Vancouver vai tornar-se 100% renovável
A cidade de Vancouver, no Canadá, aprovou a sua estratégia se tornar 100% renovável. O conselho municipal já tinha adotado este objetivo em Março de 2015 e os técnicos municipais elaboraram uma estratégia detalhada, abrangendo vários sectores, para cumprir o objetivo.
O conselho aprovou esta semana por unanimidade a “Estratégia para Uma Cidade Renovável” para a cidade de Vancouver. A estratégia expõe a forma como a cidade planeia atingir o objetivo, através do:
- Aumento da eficiência energética em edifícios: em 2050, 70% do parque imobiliário de Vancouver (incluindo todos dentro da comunidade) estará dentro ou próximo do objetivo “carbono zero”;
- Transferência modal significativa na mobilidade urbana, beneficiando os modos suaves (andar a pé e de bicicleta). Aumento das deslocações pendulares em veículos elétricos e híbridos movidos a biocombustíveis, e do transporte comercial em veículos movidos a biometano, hidrogénio e outros combustíveis alternativos (elétricos e híbridos);
- Políticas e programas públicos, incluindo incentivos.
Os próximos passos passam pela implementação e o planeamento da estratégia pelo município.
Em Dezembro, o presidente da câmara municipal irá apresentar esta estratégia na conferência climática, em Paris, na esperança que possa servir de exemplo para outras cidades. Esta liderança vai ajudar a garantir um futuro baseado em eficiência energética e energias renováveis para Vancouver, enquanto outras cidades deverão adotar metas semelhantes.
A proposta de estratégia e o sumário executivo podem ser consultados na página da Internet do município.
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Aviação e transporte marítimo no acordo de Paris: o apoio dos deputados portugueses é fundamental!
A Federação Europeia para os Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus é membro, lançou recentemente a iniciativa “Elephants in the Room” (elefantes na sala). Esta campanha é um apelo aos países participantes na COP21, em Paris, para exercerem pressão junto da Organização para a Aviação Civil Internacional (ICAO, da sigla em inglês) e da Organização Marítima Internacional (IMO, da sigla em inglês) no sentido de estabelecerem metas de redução de emissões para os dois setores – aviação e transporte marítimo internacional - consistentes com o objetivo de limitar o aquecimento global em apenas 2ºC e de adotarem as medidas necessárias para cumprir este objectivo.
O setor da aviação é responsável por 5% do aquecimento global de origem antropogénica, enquanto o transporte marítimo internacional emite cerca de 3% das emissões globais de gases com efeito de estufa. Sem uma ação urgente, as emissões de gases com efeito de estufa da aviação e do transporte marítimo internacional poderão aumentar, 250% e 300%, respectivamente, até 2050.
Se o acordo climático a definir em Paris no próximo mês não abranger objetivos de redução de emissões para estes dois sectores, não será possível limitar o aquecimento global em apenas 2ºC. Estes dois sectores são cruciais para a economia global, mas o seu crescimento deve ser sustentado no futuro, salvaguardando os recursos do planeta, e sobretudo, dos países mais vulneráveis do mundo.
José Inácio Faria, um dos deputados portugueses no Parlamento Europeu, já deu o seu apoio a esta iniciativa.
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O que quer que aconteça em Paris: 4 razões para que o futuro seja baseado em energia renovável
Mais de 60 ministros do ambiente reuniram-se na semana passada em Paris para moldar o resultado das negociações climáticas para um novo acordo global, a definir em Paris. Independentemente do texto que vier a constar do acordo final, está claro que o futuro baseado em baixas emissões de carbono será alimentado por energia renovável.
Eis as razões:
1. É o único caminho a seguir: O ano de 2015 será recordado como o ano mais quente registado da história e a dinâmica é construir o caminho para enfrentar as alterações climáticas. Os países que representam 90 por cento das emissões globais de CO2 já apresentaram os seus planos de ação climática antes das negociações de Paris, mas há uma diferença entre o que os governos se comprometeram a fazer e o que precisa de ser feito para limitar o aumento de temperatura global abaixo dos 2°C. O setor da energia é responsável por cerca de dois terços das emissões globais. O uso de fontes de energia renovável e o aumento da eficiência energética são os únicos caminhos tecnológicos que podem ser implantados de forma rápida e em escala suficiente para colmatar esta lacuna no tempo.
2. É a opção de menor custo: As energias renováveis são (e continuarão a ser) as fontes mais acessíveis de energia em muitas partes do mundo. Desde a conferência do clima em Copenhaga, em 2009, os custos dos painéis solares fotovoltaicos caíram abruptamente 75 por cento. A energia eólica onshore (em terra) é agora uma das fontes mais competitivas de energia elétrica disponíveis com alguns projetos a produzir energia elétrica a um preço tão baixo quanto 5 cêntimos de dólar por cada quilowatt-hora. A energia de biomassa, geotérmica, hídrica e eólica onshore são competitivas, em termos de custos, com o carvão, gás e petróleo, mesmo na ausência de incentivos financeiros e apesar da queda dos preços do petróleo. Em contraste, a exploração de combustíveis fósseis está a tornar-se mais difícil e cara, e traz custos externos associados com a poluição e a saúde, os quais estão a ser cada vez mais tidos em consideração. Quando se contabiliza o custo da poluição, incluindo problemas de saúde, degradação ambiental e as emissões de CO2, a duplicação da quota global de energias renováveis resultaria numa economia anual de, pelo menos, 740 mil milhões de dólares até 2030.
3. Cumpre outros objetivos ao longo do caminho: A energia renovável é a forma mais rápida e segura para fornecer serviços energéticos modernos a mais de um bilião de pessoas que atualmente não têm acesso a energia elétrica. Soluções off-grid (não ligadas à rede) baseados em energias renováveis podem responder à maioria - cerca de 60 por cento - das necessidades de procura de energia. As Ilhas Marshall, por exemplo, investiram em energias limpas em mais de 95 por cento das comunidades insulares em zonas remotas, graças à instalação de sistemas solares fotovoltaicos autónomos. No Bangladesh, o programa de sistema solar doméstico incluiu a implantação de 3,6 milhões de unidades que beneficiaram mais de 20 milhões de pessoas. Para além do fácil acesso, a energia renovável também gera empregos, reduz significativamente a poluição do ar e aumenta o crescimento do Produto Interno Bruto por meio da redução de custos, desenvolvimento de indústrias nacionais e criação de valor local.
4. A transformação já está em andamento: As energias renováveis são responsáveis por mais da metade da nova capacidade de produção de energia, ao nível global, desde 2011. Mais de 130 países já se comprometeram com uma meta de descarbonização de longo prazo. Empresas como a IKEA, a Johnson&Johnson, a H&M, a Nike e a Nestlé juntaram-se à iniciativa RE 100, empenhadas para cumprir o objetivo de 100% renovável. E novos compromissos são anunciados dia a dia.
Todas estas ações têm uma coisa em comum: as decisões foram tomadas porque as energias renováveis beneficiam não só o clima global, mas também a economia, o mercado de trabalho e as pessoas. Estas são razões que explicam porque as energias renováveis são agora a segunda maior fonte de energia elétrica a nível global, depois do carvão - à frente do gás, do petróleo e da energia nuclear.
Não se trata mais da questão 'se' o mundo vai fazer a transição para um futuro baseado em energia renovável, mas sim se o mundo irá fazê-lo suficientemente rápido. As escolhas que faremos sobre opções energéticas nos próximos anos vai determinar se somos capazes de fechar a lacuna das emissões, e ao fazê-lo, se seremos capazes de tornar o clima mais seguro e habitável onde as gerações futuras possam prosperar.
Em dezembro, pela primeira vez em qualquer conferência climática organizada pela Nações Unidas, as soluções de energia renovável terão um papel central. Durante uma série de eventos e negociações políticas ao mais alto nível, a opção pelas energias renováveis será apresentada como a mais rápida, mais limpa, mais segura e economicamente mais benéfica para satisfazer os objetivos climáticos assumidos.
O que quer que seja o resultado das negociações de Paris, uma coisa é certa: o futuro pertence às energias renováveis.