Retomado segmento de alto nível da COP20 e divulgadas novas versões dos documentos em negociação
A sessão de hoje do segmento de alto nível (ver emissão em directo) começou com um grupo de jovens peruanos a entregar ao presidente da COP uma petição internacional com 2,2 milhões de assinaturas em defesa da meta dos 100% de energias limpas e renováveis [ver vídeo].
Seguiu-se a intervenção do presidente do Peru, Ollanta Humala Tasso, que salientou a “urgente necessidade de convergência global de medidas para combater as alterações climáticas” que afectam o futuro do planeta e o bem-estar das gerações futuras.
O governante pediu também medidas de acção de cooperação que envolvam governos, empresas e sociedade civil. “Podemos estabelecer a maior aliança global contra um inimigo comum”, disse, reforçando a necessidade da aposta no Fundo Climático Verde, para o qual o Peru contribuirá com 6 milhões de dólares, anunciou.
O arranque da sessão conta ainda com as intervenções dos presidentes do Chile e da Colômbia, do vice-presidente da Argentina, e do secretário-geral das Nações Unidas. A intervenção do ministro português do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, está agendada para a sessão da tarde, que terá início às 20h de Lisboa foi adiada para a sessão de quinta-feira de manhã (início da tarde em Lisboa).
Entretanto, foram disponibilizadas as novas versões dos documentos que estão a ser negociados, nomeadamente a última revisão do texto da chamada decisão 1 da COP 17 e uma segunda versão dos elementos de negociação do futuro Acordo de Paris.
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Amazónia peruana manchada de sangue antes da Cimeira do Clima e da COP20, denunciam indígenas
A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazónica (COICA) denunciou esta semana que o vermelho do sangue índigena continua a manchar o verde da floresta amazónica, numa área de 240 milhões de hectares fundamentais para a biodiversidade e para o clima do planeta. Em causa está o assassinato de quatro líderes Ashaninka - Edwin Chota Valera, Leoncio Quincima Meléndez, Jorge Ríos Pérez e Francisco Pinedo - da comunidade peruana de Saweto, vítimas da contestação aos madeireiros ilegais [ver notícia no Terra Magazine].
“Manifestamos a nossa profunda indignação, dor e raiva, acumulada durante anos e até séculos, porque o sangue índio continua a ser derramado pela violência, o racismo, a negligência, a indiferença, contra nós, «os índios não valem nada»”, lê-se no comunicado da COICA, uma organização composta por nove organizações indígenas do Peru, Equador, Brasil, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Bolívia e Venezuela.
Os índios dizem-se indignados pela “colonização” que persiste nos seus territórios, sobre os quais têm direitos, e sobre os quais reclamam mais atenção. “Os territórios indígenas são a garantia para o arrefecimento do planeta, prestes a rebentar devido às alterações climáticas. As nossas florestas armazenam mais de 96 mil milhões de toneladas de CO2, o equivalente a todas as emissões mundiais dos últimos 3 anos”, afirmam.
A COICA aproveita a realização da Cimeira do Clima, em Nova Iorque, já na próxima semana, e da COP 20, no Peru, em Dezembro, para reclamar maior sensibilidade política para o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas sobre mais de 100 milhões de hectares ainda não titulados. “Exigimos o reconhecimento desta dívida histórica de gratidão, bem como a titulação e o apoio para a gestão holística dos territórios indígenas da bacia amazónica, ao serviço da humanidade”.